quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Ex-chefe do Hospital Regional do Agreste é condenado por cobrar cirurgia de paciente do SUS

Segundo a Justiça, o médico induziu uma paciente em situação de vulnerabilidade a pagar R$ 3,9 mil por uma cirurgia que deveria ser gratuita
O ex-chefe da Emergência Ortopédica do Hospital Regional do Agreste (HRA), em Caruaru, Thiago Emanoel da Silva, foi condenado por improbidade administrativa por induzir pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) a pagar por procedimentos e cirurgias que deveriam ser gratuitos.

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) considerou comprovado que o médico recebeu vantagem indevida de R$ 3.900,00 de uma paciente que aguardava uma cirurgia ortopédica. Em seu depoimento, a mulher contou que, estava internada no HRA e foi abordada por Thiago Emanoel, que disse que a demora no procedimento poderia causar a perda de seu braço. Ele teria oferecido a realização da cirurgia mediante o pagamento.

“Em um momento de extrema vulnerabilidade, a paciente foi abordada pelo réu, que lhe apresentou um cenário alarmante sobre a demora de sua cirurgia e o risco de perda do membro, para, em seguida, oferecer-lhe uma solução mediante o pagamento de R$ 3.900,00”, cita a sentença.

Os fatos julgados aconteceram em 2015. De acordo com a sentença, Thiago Emanoel se aproveitava do cargo para coordenar um esquema que cobrava de pacientes valores para a realização de cirurgias, sob o argumento de agilizar o atendimento.

A decisão também menciona que o médico já havia sido condenado criminalmente por corrupção passiva, em outro processo, pelos mesmos fatos.

A juíza responsável pelo caso considerou que a conduta do médico configurou enriquecimento ilícito e violação aos princípios da administração pública, ressaltando que o profissional “explorou a vulnerabilidade de enfermos para obter lucro ilícito”.

Como sanção, o médico foi condenado a:

* devolver o valor de R$ 3.900,00, corrigido e com juros de 1% ao mês desde 2015;

* perder eventual função pública que ocupe quando a decisão transitar em julgado;

* ter os direitos políticos suspensos por 10 anos;

* pagar multa civil no mesmo valor do acréscimo patrimonial;

* ficar proibido, por 10 anos, de contratar com o poder público ou receber benefícios fiscais ou creditícios.

* pagamento das custas processuais, que significa o pagamento de taxas ao Estado para cobrir os custos da prestação do serviço judicial.

Para a sentença, o caso representa uma “subversão da finalidade do serviço público de saúde”, ao transformar um atendimento gratuito em uma oportunidade de ganho pessoal.

O caso foi movido pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio do 2º Promotor de Justiça de Defesa da Cidadania de Caruaru. A decisão é da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Caruaru e foi publicada nesta segunda-feira (6). O médico pode recorrer.

O g1 tentou contato com a defesa de Thiago Emanoel da Silva, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O g1 também entrou em contato com o Hospital Regional do Agreste, mas não obteve posicionamento oficial até a última atualização da reportagem.

Fonte:g1