Em depoimento à Polícia Federal (PF), o cantor de brega funk
Hemerson da Silva Ferreira, conhecido como MC Tocha, de 32 anos, confirmou que
recebeu entre R$ 8 mil e R$ 10 mil para cantar no Presídio de Igarassu, no
Grande Recife. O artista também relatou ter visto presos usando celulares e
tomando bebidas alcoólicas durante festas ilegais.
Com envolvimento de presos e agentes públicos, o suposto
esquema de privilégios no Presídio de Igarassu foi alvo da Operação La
Catedral, deflagrada pela PF. O inquérito foi finalizado em 28 de abril e
contou com o depoimento de outras sete testemunhas – entre elas, ex-motoristas
e mulheres que foram convidadas para as festas.
Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) André
de Araújo Albuquerque, o ex-diretor do presídio Charles Belarmino de Queiroz e
mais doze pessoas.
O Diario de Pernambuco teve acesso à íntegra do depoimento.
Nele, Tocha confirmou que esteve “uma ou duas vezes” na cadeia com “no intuito
de cantar, somente”. Afirmou, ainda, não “recordar quem o contratou para fazer
o show no presídio”.
O artista não é investigado pela Operação La Catedral, que
saiu de sigilo após o TJPE acolher a denúncia.

Depoimento
O músico relatou que “entrou pela porta da frente, foi
revistado e que chegou a ver mais de um policial penal na entrada e saída do
presídio”. Tocha disse, também, que não sabe quem liberou sua entrada na
penitenciária.
Uma foto incluída no inquérito mostra o artista ao lado do
preso Lyferson Barbosa, conhecido como Mago ou Lobo, tomando cerveja. Na
investigação, o detento é apontado como líder do esquema de corrupção e tráfico
de drogas na unidade.
No depoimento, MC Tocha declarou ter conhecido Lyferson
durante suas visitas à prisão para cantar e visitar amigos presos.
Para a PF, a reunião desses depoimentos ajuda a evidenciar
que a “realização das festas no presídio era conhecida, tolerada e, em alguns
casos, diretamente coordenada por membros da administração da unidade".
Em nota, o advogado Thúlio Mendes de Souza, que
representa MC Tocha, afirmou que o músico foi "ouvido exclusivamente na
condição de testemunha em um inquérito referente a fatos ocorridos nos anos de
2021 e 2022. Ele não foi indiciado, denunciado ou investigado, tampouco é réu
no processo em questão".
"À época dos acontecimentos, MC Tocha foi contratado
apenas como artista e sua participação se restringiu à realização de
apresentações musicais. Ele não possui qualquer envolvimento com atividades
ilícitas, com a operação em curso ou com os demais citados no processo",
disse no texto. "Sua oitiva teve como objetivo colaborar com as
autoridades para o esclarecimento dos fatos. Reforçamos que o artista segue
exercendo sua carreira com total transparência e responsabilidade".