quarta-feira, 5 de março de 2025

"Violência policial durante o Carnaval de Olinda: publicitária relata agressão e cobra justiça

Leila Perci, vítima de abordagem violenta, registra boletim de ocorrência e exige responsabilização dos agentes
Durante o desfile do tradicional bloco Homem da Meia-Noite, em Olinda, a publicitária Leila Perci foi vítima de uma abordagem violenta por parte de policiais militares na madrugada do último domingo (2). Ela relata ter sido empurrada e atingida com um cassetete na cabeça, costas e braços após, sem intenção, adentrar o cordão de isolamento do bloco. A vítima precisou receber três pontos na testa e registrou um boletim de ocorrência na Delegacia do Varadouro, além de realizar exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML) de Santo Amaro, no Recife.

Leila, que estava acompanhada de um amigo, conta que a situação se agravou quando ele tentou intervir. "Três policiais começaram a bater nele com cassetetes. Quando pedi para pararem, me agrediram também", relata. Além das marcas físicas, como ombro roxo e hematomas nas costas, ela afirma que o episódio a deixou emocionalmente abalada. "Estava saindo de um tratamento contra a depressão e, agora, sinto que voltei à estaca zero", desabafa.

A publicitária recebeu atendimento médico imediato dos paramédicos da Prefeitura de Olinda, que a encaminharam para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Além disso, foi contatada por uma ONG que ofereceu suporte psicológico. "Os paramédicos foram muito atenciosos, mas o que aconteceu comigo foi uma violência gratuita. A polícia deveria estar lá para nos proteger, não para agir com brutalidade", afirma.

A Polícia Militar de Pernambuco, em nota, declarou que o efetivo empregado no Carnaval é orientado a agir dentro da legalidade, respeitando os cidadãos e garantindo a segurança nos polos de animação. No entanto, a corporação afirmou não ter registro formal de denúncia sobre o caso. A PM orienta que vítimas de abusos formalizem suas queixas junto à Corregedoria da instituição, por meio de canais como e-mail, telefone ou presencialmente.

Leila, por sua vez, cobra justiça e responsabilização pelos atos. "O que aconteceu comigo não pode ficar impune. É uma questão que vai além da minha dor, é sobre o direito de todos de se sentirem seguros", conclui.