Imagens com corredores superlotados costumavam ser a
principal marca do Hospital Regional do Agreste (HRA), localizado em Caruaru,
cidade a 130 km do Recife. Maior emergência do interior do estado e referência
nos atendimentos de trauma, a unidade contabiliza 54 leitos entre as salas
verde, amarela e vermelha e mais 157 de enfermaria de ortopedia, cirurgia
geral, cirurgia vascular, buco, neurocirurgia, clínica geral, oncologia e
Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
De forma inédita, graças a um trabalho que envolve todas as
equipes profissionais do hospital, o HRA apresenta, há algumas semanas,
corredores vazios. O processo para diminuir a superlotação, característica de
um hospital de referência, começou em fevereiro, com o início da implantação do
projeto Lean nas Emergências, subsidiado pelo Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) do
Ministério da Saúde, em parceria com a Beneficência Portuguesa de São Paulo,
que tem como objetivo, justamente, diminuir a superlotação de hospitais
públicos e filantrópicos de todo o Brasil.
De acordo com a diretora-geral do HRA, Dra. Guacyra Pires, a
assistência tem sido realizada com maior resolutividade e rapidez. “Nossa
equipe multidisciplinar tem trabalhado em conjunto, visando, sobretudo, à
melhoria do atendimento ao paciente, que é nosso maior propósito”, reforça.
Graças a todo o esforço, o tempo de permanência do paciente
no hospital reduziu. “O Hospital Regional do Agreste conseguiu reduzir o tempo
médio de permanência na emergência de cerca de dez dias para três. A maior
rotatividade dos pacientes, com a agilidade nos atendimentos, sempre tentando
resolver no menor tempo possível as pendências dos pacientes, tem trazido uma
melhor satisfação dos pacientes e familiares, menor tempo de permanência na
emergência e em macas de transporte. Tudo isso também tem proporcionado um
alívio para os profissionais de saúde por consequente menor sobrecarga de
trabalho. Sabemos que a permanência desse cenário depende, também, de vários
fatores externos à unidade, mas reforçamos nosso compromisso em melhoria
contínua”, destaca Guacyra.
Com papel fundamental nesse processo está o Núcleo Interno
de Regulação (NIR), que trabalha em conjunto com a Central de Regulação de
Leitos do Estado. O NIR realiza busca ativa dentro do hospital para identificar
pacientes com perfil de transferência para leitos de retaguarda. “Além de
fazermos essa avaliação de transferência externa, o NIR também é responsável, junto
com a supervisão de Enfermagem, pela transferência de uma enfermaria para outra
dentro da própria unidade, agilizando os atendimentos”, explica Sueli Alves,
supervisora de Enfermagem.
De acordo com a secretária estadual de saúde, Zilda Cavalcanti, outro fator que contribuiu para o fim da superlotação do HRA foi o trabalho integrado com os outros hospitais regionais da rede estadual de saúde do Sertão.
“Com o permanente diálogo entre as gestões dos hospitais regionais e trabalho conjunto, a exemplo do Hospital Eduardo Campos, em Serra Talhada, e o Hospital Regional Ruy de Barros Correia, em Arcoverde, foi possível descentralizar as cirurgias ortopédicas e diminuir as filas para esses procedimentos. Além disso, os pacientes puderam ser assistidos perto de suas casas”, sinaliza Zilda.