quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Vereadores, suplentes e candidatos são alvo de operação contra esquema de corrupção e fraude eleitoral no Agreste pernambucano

Gaeco investiga um sofisticado esquema de compra de votos e transferências falsas de eleitores envolvendo vereadores, suplentes e candidatos. Mais de 700 pessoas teriam sido cooptadas
Uma megaoperação do Ministério Público de Pernambuco revelou, nesta quinta-feira (6), um amplo esquema de corrupção e fraude eleitoral que teria sido montado para manipular o resultado das eleições de 2024 em Riacho das Almas, no Agreste. O caso envolve vereadores em exercício, suplentes e candidatos a cargos eletivos do município.

Batizada de Operação Domicílio Fantasma, a ação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPPE) em parceria com a Promotoria Eleitoral da 41ª Zona e as Polícias Civil e Militar. Ao todo, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em endereços nas cidades de Riacho das Almas e Caruaru.

De acordo com as investigações, o grupo criminoso teria estruturado um esquema de cooptação de eleitores por meio de pagamentos em dinheiro e promessas de vantagens futuras. O objetivo era transferir eleitores de Caruaru e de outras cidades vizinhas para Riacho das Almas, inflando artificialmente o eleitorado local.

As autoridades identificaram mais de 700 transferências fraudulentas realizadas pelo grupo. Para concretizar o golpe, os criminosos exigiam documentos pessoais e fotos (“selfies”) dos eleitores, que eram utilizados em requisições de transferência feitas pelo sistema Título Net, acompanhadas de comprovantes de residência falsos.

Nos endereços dos alvos da operação, foram apreendidos dispositivos eletrônicos, documentos e quantias em dinheiro, que agora estão sob análise na sede do Gaeco Agreste. Os nomes dos investigados ainda não foram divulgados.

Os suspeitos poderão responder por organização criminosa, inscrição fraudulenta de eleitor, corrupção eleitoral, falsificação e uso de documentos falsos. Somadas, as penas desses crimes podem ultrapassar 27 anos de prisão, além da inelegibilidade dos envolvidos.

As investigações continuam para identificar todos os beneficiários e financiadores do esquema, que pode ter alterado de forma significativa o equilíbrio eleitoral no município.