segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Preso em Olinda, o jovem acusado de ameaçar Felca é investigado por exploração de menores em 'desafios' da internet

Suspeito de 22 anos teria lucrado com crimes virtuais e usado “desafios” online para atrair vítimas; outro homem também foi detido
A prisão de Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 22 anos, trouxe à tona novas suspeitas sobre uma rede criminosa que explorava sexualmente crianças e adolescentes em ambientes virtuais. Ele foi detido nesta segunda-feira (25), em Olinda, pelas polícias civis de São Paulo e Pernambuco, após investigações que começaram quando o humorista e youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, passou a receber ameaças de morte.

As intimidações surgiram logo depois de o influenciador publicar, no início de agosto, um vídeo-denúncia sobre a circulação de conteúdos abusivos envolvendo menores nas redes sociais. As mensagens enviadas por e-mail não só o ameaçavam de morte, como também tentavam associar falsamente o youtuber a crimes de pedofilia.

Segundo o delegado Guilherme Caselli, da Polícia Civil de São Paulo, Cayo Lucas lucrava com a venda de acessos a informações sigilosas obtidas de forma ilegal, inclusive dados de sistemas da Justiça e de secretarias de segurança de vários estados. Há ainda indícios de que o jovem participava de grupos virtuais em plataformas como o Discord, usados para lançar “desafios” que serviam de isca para a exploração sexual de menores.

No momento da operação, outro homem foi preso. Paulo Vinícius foi flagrado acessando sistemas restritos da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. Ele não é apontado como autor direto das ameaças, mas as investigações mostram que dividia equipamentos e compartilhava informações com o principal suspeito. Conversas em aplicativos e pesquisas sobre Felca estavam abertas em um dos computadores apreendidos.

De acordo com os delegados responsáveis, os dois não atuavam como hackers sofisticados, mas como “oportunistas digitais”, adquirindo falhas e credenciais já disponíveis em bancos de dados ilegais para revender acessos e lucrar com invasões.

A prisão ocorreu após buscas iniciais em Gravatá, no Agreste, cidade onde Cayo vivia antes de se mudar para Olinda. Ambos foram autuados pelo crime de invasão de dispositivo informático, previsto no artigo 154-A do Código Penal, que prevê pena de até cinco anos. A Polícia Civil de São Paulo já pediu a transferência de Cayo Lucas para um presídio do estado, onde também deve responder pelos crimes de ameaça e associação criminosa.

Os investigadores apuram agora o alcance da atuação do grupo e sua ligação com redes mais amplas de exploração sexual infantil online.