Representantes do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco
(Sindmetro-PE) vão se reunir com ministros do governo Lula para discutir a
privatização do Metrô do Recife. Segundo o grupo, caso um acordo não seja feito
ou alguma medida concreta seja estabelecida, uma greve não é descartada.
A reunião está marcada para esta quarta-feira (20), em
Brasília (DF). O sindicato se reunirá com a ministra da Gestão e da Inovação em
Serviços Públicos, Ester Dweck, e com o ministro da Casa Civil, Rui
Costa.
Conforme apurado pela Folha de Pernambuco, já na quinta-feira (21), está marcada uma assembleia da categoria, a partir das 18h, na Praça da Greve, que fica na Estação Central do Recife, no bairro de São José, Centro. Lá, os representantes do sindicato vão repassar tudo que foi discutido na reunião com o governo e, em conjunto, decidir os próximos passos dos trabalhadores.
Reunião vem após forte pressão
A reunião foi articulada na última sexta-feira (15), durante a agenda do
presidente Lula em Pernambuco. O dia foi marcado por paralisação do modal
por 24 horas, muito transtorno para a população e muita pressão feita pela
categoria.
A intenção, inclusive, era um encontro com o próprio presidente, que passou por Goiana, na Zona da Mata, e pelo bairro de Brasília Teimosa, Zona Sul do Recife. "Caso o presidente Lula não nos receba, a gente vai continuar fazendo o movimento", disse o presidente do sindicato, Luís Soares, na ocasião.
No fim, a categoria
entregou uma carta com as reinvindicações ao assessor do presidente, Evandro
Verde, a ser repassada a Lula. Agora, a expectativa interna é de que algo
concreto possa ser acordado para que não sejam necessárias mais paralisações ou
até mesmo uma greve.
Privatização
O Sindmetro-PE sempre se posicionou fortemente contra a privatização do Metrô
do Recife, autorizada pelo governo federal em maio deste ano. O argumento
utilizado à época cita a precariedade do sistema, e prevê reforma, atualização
e modernização da estrutura e equipamentos instalados, assim como a operação
dos serviços. O contrato seria de 30 anos.
O contrato de
concessão, organizado pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos
(CPPI), ainda prevê o cumprimento das seguintes etapas:
- Transferência de
bens, direitos e instalações de titularidade, direta ou indireta, da União,
vinculados à gestão, operação e manutenção da rede metroferroviária;
- Outorga, por parte do Governo do Estado, de concessão à iniciativa privada
para gestão, operação e manutenção da rede metroferroviária;
- Transferência, em favor do Estado de Pernambuco, da propriedade dos bens
imóveis de titularidade direta ou indireta da União.
Atualmente, o Metrô
do Recife, em operação desde 1985, é administrado pela Superintendência de
Trens Urbanos do Recife (Metrorec), entidade vinculada à Companhia Brasileira
de Trens Urbanos (CBTU), uma empresa estatal federal ligada ao Ministério das
Cidades.
Cerca de 138 mil
passageiros usam o Metrô do Recife por dia, sendo 80 mil na Linha Centro, 55
mil na Linha Sul e 2,6 mil na Linha Diesel, de acordo com dados da CBTU
Recife.
Dia após dia, no
entanto, a precariedade do serviço chama atenção e gera revolta nos usuários,
que reclamam da baixa frota, falta de climatização e preço da tarifa, que
atualmente custa R$ 4,25.