Com o objetivo de impulsionar o transporte de passageiros, o
primeiro estudo vai avaliar a viabilidade da reativação de um novo trecho
ferroviário, com extensão estimada de 120 km, entre a capital Recife e Caruaru,
no Agreste do estado.
O projeto tem como proposta analisar cenários de
aproveitamento da estrutura já existente e verificar se é possível a sua
recuperação e se será necessária a construção de uma nova ferrovia. Após a
conclusão desse levantamento inicial, a próxima etapa será a avaliação da
viabilidade técnica e ambiental do projeto.
O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, destacou
que a ideia da proposta é retomar o uso do modal que, historicamente, já teve
mais força na região. “A gente está se dispondo a estudar quais as melhores
alternativas do ponto de vista econômico, ambiental e social que podem ser
utilizadas para resgatar esse modal, que é usado no mundo todo. A gente tinha
tudo isso em meados do século passado e depois veio a indústria automotiva
achando que era a única solução de modalidade no nosso país e o estado
brasileiro optou por sucatear a malha ferroviária”, disse Cabral em entrevista
à Rádio Folha.
De acordo com a Sudene, a formalização da parceria com a
universidade deve ocorrer nas próximas semanas. Após essa etapa, os estudos
devem ser apresentados no primeiro trimestre de 2026.
Ainda de acordo com Cabral, qualificar a rota entre as duas
cidades é importante para melhorar, inclusive, a mobilidade na BR-232. “Temos
um potencial econômico que está no decorrer dessa rodovia, seja em Vitória,
Gravatá, Bezerros e Caruaru com o polo de confecções e a atividade turística.
Estima-se algo em torno de 70 milhões de pessoas que circulam anualmente nesse
trecho por transporte rodoviário”, apontou.
Transporte de cargas
Já o segundo estudo tem foco no escoamento de cargas e prevê
a instalação ou requalificação de um trecho ferroviário de aproximadamente 250
km entre Petrolina e Salgueiro, no Sertão do estado.
O projeto tem como objetivo fortalecer a logística da
fruticultura irrigada do Vale do São Francisco e de outros produtos. Além de
conectar a produção local à Transnordestina, com possibilidade de acesso
facilitado aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE).
O modal ferroviário reforçaria o papel estratégico de
Petrolina como ponto hidroferroviário, levando em consideração a sua localização
às margens do Rio São Francisco, com mais de 1.300 km navegáveis.
De acordo com a Sudene, Salgueiro se integra ao projeto por
ser um rota estratégica logística, no entroncamento das BRs 232 e 116, além de
ser ramal da Transnordestina. A ideia é reforçar a integração entre os modais
rodoviário, ferroviário e hidroviário, estratégia que pode trazer maior
eficiência logística e ganhos para a economia nordestina.
“Este movimento da Sudene está integrado a uma política do
presidente Lula de requalificar a malha ferroviária brasileira, especialmente a
nordestina, qualificando a competitividade da Região. Estamos olhando para
todos os modais. Do ponto de vista logístico, estima-se que o transporte de
cargas ferroviário reduz em 40% o custo do transporte quando comparado ao
rodoviário. Ao conectar Petrolina a Salgueiro, aumentamos o potencial de
integrar os arranjos produtivos com outros mercados. Isso abre espaço para
novos mercados internacionais e reduz custos operacionais”, disse o
superintendente.
Modal no Nordeste
A iniciativa da Sudene faz parte das ações do Governo
Federal para expandir o transporte ferroviário de passageiros. Alguns dos
exemplos em planejamento pelo Ministério dos Transportes através da Infra S.A
são os trechos interligando os municípios de Salvador - Feira de Santana, na
Bahia; Fortaleza - Sobral, em solo cearense, e São Luís - Itapecuru Mirim, no
Maranhão.