A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de
Pernambuco instaurou uma Investigação Preliminar para apurar a conduta de
policiais militares na prisão de um homem de 28 anos, no último domingo (1º),
durante os festejos juninos de Caruaru.
O rapaz usou as redes sociais na madrugada desta terça-feira
(3) para relatar agressões que teria sofrido de policiais militares que atuavam
no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga.
Ele relatou que estava com um amigo do trabalho e um grupo
de mais dez pessoas quando foi abordado de surpresa, com violência, algemado e
jogado no chão, após se afastar momentaneamente do grupo.
“Provavelmente eu estava indo ao banheiro, mas eu não lembro
de nada. A única coisa que lembro foi que alguém botou meus braços para trás,
me algemou, me jogou no chão e eu desmaiei”, relatou.
Quarto branco
Danrley conta que acordou em um ambiente que descreve como “um quarto branco”,
cercado por diversos policiais, sem entender o motivo da detenção.
“Acordo num quarto branco com dois armados do meu lado, e em
volta cerca de mais de 10 policiais perguntando: 'O que é que eu fiz para estar
aqui? Não era para eu estar aqui. O que vocês fizeram comigo? Cadê o meu
tênis?' Eu estava sem a minha camisa, que estava amarrada na minha cintura, e
sem um dos meus tênis, caríssimo, que foi até um presente”, contou.
Ele afirma que foi mantido preso, apesar de questionar o
motivo da detenção e ameaçar acionar autoridades e a imprensa. Após a
insistência, foi informado por um policial de que seria liberado.
Danrley acredita ter sido vítima de um erro de identidade,
racismo ou outro tipo de preconceito. “Ou eles me confundiram com alguém
ou me pegaram por puro preconceito e racismo. Porque é só o que pode ser. É um
daqueles casos ‘isolados’, mas que sempre acontecem”, afirmou.
Danrley diz estar traumatizado
Com o punho inchado, marcas de algemas, o relógio quebrado e diversas
escoriações, ele afirma estar traumatizado.
“Já chorei, fui na emergência porque tenho crises de
ansiedade, fui medicado e estou de licença do trabalho. Não tenho condições de
voltar. Estou nervoso, abalado”, lamentou.
Ele solicitou acesso às imagens das câmeras de segurança,
registrou um boletim de ocorrência, realizou exame de corpo de delito e
procurou a Corregedoria da Polícia Militar.
Danrley finaliza o desabafo afirmando que não vai deixar o caso impune. “Se
aconteceu comigo, pode acontecer com qualquer um”.
Corregedoria é acionada
A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco instaurou uma
Investigação Preliminar para apurar a conduta de policiais militares no último
domingo, durante os festejos juninos de Caruaru.
"O caso também foi inicialmente registrado pela Polícia
Civil de Pernambuco e será encaminhado à Delegacia de Polícia Judiciária
Militar, que dará seguimento à apuração por meio de Inquérito Policial Militar
(IPM), conforme previsto na legislação", informa nota conjunta enviada
pelas polícias militar e civil.
"Todas as circunstâncias relatadas serão rigorosamente
apuradas, com foco na identificação de eventual responsabilidade e na adoção
das providências cabíveis. A abertura de procedimentos administrativos não
pressupõe culpa ou dolo dos agentes públicos. O processo é conduzido com total
imparcialidade, isenção e em conformidade com os princípios constitucionais da
legalidade, do contraditório e da ampla defesa e tem o objetivo de verificar se
há elementos suficientes, ou não, para a instauração de um Processo
Administrativo Disciplinar (PAD)", diz outro trecho da nota.
"A Secretaria reforça seu compromisso com a legalidade,
o respeito aos direitos humanos e a atuação transparente das forças de
segurança pública", finaliza o texto.
Fonte: Folha de Pernambuco