terça-feira, 10 de junho de 2025

Pernambucana vítima de tráfico de pessoas para exploração sexual é resgatada na Ásia

Após três meses sendo obrigada a se prostituir sob ameaças de morte e em cárcere privado, uma pernambucana de 22 anos foi resgatada de um hotel de luxo no Myanmar, país do sudeste da Ásia. A operação da Polícia Federal para combater o tráfico internacional de pessoas foi divulgada nesta segunda-feira (9), dia em que a vítima retornou ao Recife. 

Dois homens chineses suspeitos de participação no crime, incluindo um empresário de São Paulo, foram presos na última sexta-feira (6) ao pousarem no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Uma brasileira suspeita de aliciar jovens para serem exploradas sexualmente no exterior também é investigada. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa dela. Os nomes e idades não foram informados. 

Segundo o delegado federal Márcio Tenório, a investigação teve início após a polícia receber informações de que uma pernambucana estaria sendo vítima do tráfico internacional de pessoas em Myanmar. Após investigação, que resultou na Operação Double Key, o nome da vítima foi incluído na lista de Difusão Azul da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). 

"Na região que fica no extremo sul do Myanmar, já na divisa com a Tailândia, há um grande complexo de hotéis, de cassinos e outros estabelecimentos comerciais. Ela [pernambucana] foi para lá com uma promessa de trabalho lícito e vinha sendo explorada sexualmente em um dos hotéis desde março", contou o delegado federal. 

Tenório explicou que a organização criminosa investigada usada uma rede social para atrair mulheres em situação de vulnerabilidade com falsas promessas de emprego e ganhos fáceis, com pagamentos em dólar, para trabalhar licitamente em outros países, mas, ao chegarem nos locais, eram vítimas de exploração sexual. 

Os dois suspeitos presos serão indiciados por organização criminosa e pelo crime de tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual. Eles não têm passagem pela polícia. 

"Negaram qualquer relação com essa atividade criminosa, negaram desconhecer a situação, mas os elementos da investigação já indicam em sentido contrário", disse o delegado federal. 

A Polícia Federal continuará com as investigações para identificar mais suspeitos de participação no crime e mais vítimas. 

"A gente também tem uma investigação em curso a respeito de pernambucanas nessa situação [de tráfico de pessoas]. É uma investigação que está em andamento, está sob suspeita de justiça, mas há indícios de tráfico de cidadãs naturais de Pernambuco para outros países", relatou.