Após três meses sendo obrigada a se prostituir sob ameaças
de morte e em cárcere privado, uma pernambucana de 22 anos foi resgatada de um
hotel de luxo no Myanmar, país do sudeste da Ásia. A operação da
Polícia Federal para combater o tráfico internacional de pessoas foi divulgada
nesta segunda-feira (9), dia em que a vítima retornou ao Recife.
Dois homens chineses suspeitos de participação no crime,
incluindo um empresário de São Paulo, foram presos na última sexta-feira (6) ao
pousarem no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Uma brasileira suspeita
de aliciar jovens para serem exploradas sexualmente no exterior também é
investigada. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa dela. Os
nomes e idades não foram informados.
Segundo o delegado federal Márcio Tenório, a investigação
teve início após a polícia receber informações de que uma pernambucana estaria
sendo vítima do tráfico internacional de pessoas em Myanmar. Após
investigação, que resultou na Operação Double Key, o nome da vítima foi
incluído na lista de Difusão Azul da Organização Internacional de Polícia
Criminal (Interpol).
"Na região que fica no extremo sul do Myanmar, já na
divisa com a Tailândia, há um grande complexo de hotéis, de cassinos e
outros estabelecimentos comerciais. Ela [pernambucana] foi para lá com uma
promessa de trabalho lícito e vinha sendo explorada sexualmente em um dos
hotéis desde março", contou o delegado federal.
Tenório explicou que a organização criminosa investigada
usada uma rede social para atrair mulheres em situação de vulnerabilidade com
falsas promessas de emprego e ganhos fáceis, com pagamentos em dólar, para trabalhar
licitamente em outros países, mas, ao chegarem nos locais, eram vítimas de
exploração sexual.
Os dois suspeitos presos serão indiciados por
organização criminosa e pelo crime de tráfico internacional de pessoas para
fins de exploração sexual. Eles não têm passagem pela polícia.
"Negaram qualquer relação com essa atividade criminosa,
negaram desconhecer a situação, mas os elementos da investigação já indicam em
sentido contrário", disse o delegado federal.
A Polícia Federal continuará com as investigações para
identificar mais suspeitos de participação no crime e mais vítimas.
"A gente também tem uma investigação em curso a
respeito de pernambucanas nessa situação [de tráfico de pessoas]. É uma
investigação que está em andamento, está sob suspeita de justiça, mas
há indícios de tráfico de cidadãs naturais de Pernambuco para outros
países", relatou.