Moradores de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, têm
criticado a remoção de árvores antigas e de vegetação do canteiro central da
Avenida Agamenon Magalhães, no Centro, uma das mais movimentadas da cidade. A
ação da Prefeitura municipal aconteceu antes da realização da “Nossa
Drilha”, um desfile com trios elétricos que aconteceu no último domingo (15).
Promovido pela gestão municipal, o evento representa a
retomada das tradicionais “drilhas”, conforme ficaram conhecidos os desfiles
juninos de trios elétricos que marcaram época nos anos 1990 e 2000 no
município. Em 2014, a prefeitura havia decidido parar de autorizar a realização
dos eventos, alegando necessidade de priorizar a preservação dos canteiros da
avenida.
A conselheira tutelar Rafaela Barcelo, que trabalha nas
proximidades da avenida, critica a remoção de árvores antigas. “Algumas delas
são centenárias. A gente entende que isso aconteceu por causa da drilha, mas
não teve informação oficial. Saem tratorando tudo, sem dar nenhuma explicação”,
afirma.
Em registros enviados à reportagem, é possível observar a
ausência de plantas e do gramado que caracterizavam a área central da avenida.
“Houve um investimento para construção e para manutenção do canteiro, mas, do
dia para a noite, se arranca o trabalho de anos. A gente está buscando uma
cidade mais colorida e ele [o prefeito Rodrigo Pinheiro] está transformando em
um lugar mais cinza”, lamenta Barcelo.
Por sua vez, a bancária Marília Chalegre, que costuma
transitar na área, disse que recebeu com surpresa o anúncio da retomada das
drilhas. “Quando a avenida foi requalificada em uma gestão anterior e ocorreu o
projeto de jardinagem, os eventos pararam de acontecer, porque o canteiro era
muito sensível. Agora, a prefeitura resolve fazer essa requalificação bem
conveniente, às vésperas do evento, sem dar transparência para a população
sobre os planos para o local”, comenta.
Para Marília, o município é carente de áreas arborizadas. “A
retirada das plantas deixou a cidade ainda mais hostil. Caruaru é uma cidade
que não tem muito projeto de áreas verdes e aí uma das poucos locais que tinha
esse planejamento é destruído”, acrescenta.
Um empresário que atua na região e prefere não se
identificar cobra o replantio da vegetação e das árvores retiradas da avenida.
“O que sofro e sinto muito é o fato de a população não ficar sabendo dessas
coisas. Gosto muito de planta e sei o tempo que essas espécies demorariam para
voltar a crescer. Acredito que é preciso replantar nesses locais, mas é impossível
realizar a drilha e proteger esses canteiros”, completa.
Drilhas
Inspiradas em blocos carnavalescos, as drilhas surgiram no
ano de 1989, com a pioneira Gaydrilha. Marcados pela irreverência das
fantasias, os desfiles passaram a ser realizados por outros grupos, como o
Sapadrilha, o Brinkdrilha e o Turisdrilha.
Nos anos 1990 e 2000, a popularização da festa passou a
atrair o público para a Avenida Agamenon Magalhães. Apesar da grande adesão
popular, elas pararam de ser realizadas em 2014, quando a prefeitura decidiu
deixar de autorizar os desfiles. À época, a gestão municipal alegou a
necessidade de preservar as obras recém-inauguradas no canteiro central da
avenida.
Em 2025, a prefeitura anunciou a retomada dos desfiles,
tendo a cantora Cláudia Leitte como atração principal. Também se apresentaram
os cantores Mateus Santos, Renan Cruz, PV Calado, Klever Lemos e Elifas Junior,
autor da música “Sapadrilha”, que marcou época nas festividades juninas da
cidade.
Fonte: Diario de Pernambuco