Um adolescente de 17 anos, morador de Camaragibe, no Grande
Recife, liderava uma quadrilha que atuava em vários estados, incitando a
prática de desafios na internet, envolvendo até crianças, que resultaram em
queimaduras e mutilações graves.
Apreendido nesta quarta (4), pela Polícia Civil pernambucana, o jovem é apontado como comandante de uma quadrilha de cyberbullying de atuação em várias cidades brasileiras.
O jovem, inclusive, já tinha sido detido anteriormente por desacatar e xingar
uma delegada em São Paulo. Devido a esse crime, em novembro do ano passado, ele
chegou a ficar 45 dias sob internação.
Em entrevista coletiva concedida na sede da polícia, no
Centro do Recife, os investigadores destacaram a atuação do rapaz e do
grupo liderado por ele.
Entre os crimes mais chocantes atribuídos ao grupo está o
desafio que consistiu em um jovem usar um coquetel molotov, uma espécie de
bomba de fabricação caseira, para incendiar um morador de rua, no Rio de
Janeiro. Esse ataque foi filmado e transmitido pela internet.
O adolescente também promoveu um desafio em que uma jovem
engoliu lâminas e sofreu graves lesões.
Apreensão
A apreensão do adolescente foi realizada pela 9ª Delegacia
Seccional, na Operação Game End.
A ação contou com o apoio técnico do Cyberlab do Ministério da Justiça e
Segurança Pública (MJSP), da DINTEL e do Núcleo de Observação e Análise Digital
da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
Durante a operação, foi cumprido mandado de busca e
apreensão com internação provisória contra o adolescente, que não teve o nome
divulgado para respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
"Ele é apontado como líder de um servidor da plataforma online e comandava
um grupo envolvido em crimes como distribuição de pornografia infantil, estupro
virtual, racismo, cyberbullying, incitação ao crime, tentativa de homicídio,
coação no curso do processo e invasão de sistemas governamentais", resumiu
a polícia pernambucana.
Como era atuação
O grupo, informou a polícia, se organizava digitalmente e
promovia ações coordenadas "com extrema violência e crueldade".
Uma das investigações revelou que o grupo foi responsável
por um ataque com coquetel molotov a uma pessoa em situação de rua, ocorrido no
dia 19 de fevereiro de 2025, no Rio de Janeiro. O ataque foi transmitido ao
vivo em uma live dentro do servidor administrado pelo menor.
Essa quadrilha abordava meninas, crianças e adolescentes,
manipulando para elas enviarem conteúdo íntimo, posteriormente utilizado para
chantagem e incentivo à automutilação em transmissões ao vivo. Diversas vítimas
já foram identificadas.
O que ele disse
Ainda conforme a polícia, o adolescente apreendido confessou
ainda ser o autor de ameaças direcionadas a uma delegada de polícia do Estado
de São Paulo, enviadas por e-mail no dia 28 de maio de 2025.
As mensagens continham informações detalhadas sobre a rotina
da autoridade policial, bem como nomes e endereços de seus familiares, em uma
clara tentativa de intimidação em virtude das prisões de membros do grupo
naquele estado.
O que aconteceu
O menor foi recolhido ao Centro de Internação Provisória
(Cenip), onde permanecerá à disposição da Justiça.
As investigações continuam para identificar e
responsabilizar todos os integrantes do grupo.
Segundo o delegado Joel Venâncio, responsável pela apreensão
do menor: "essa é uma investigação que exige não apenas rigor técnico, mas
sensibilidade diante da gravidade das condutas praticadas. O grupo atuava com
perversidade extrema, instrumentalizando a internet para violar direitos
fundamentais e destruir vidas. Estamos trabalhando intensamente para
identificar todos os envolvidos e garantir justiça às vítimas."
A Operação Game End integra o esforço nacional das forças de
segurança para combater o uso criminoso de plataformas digitais.
Fonte: Diario de Pernambuco