Um deslizamento de barreira deixou mãe e filha mortas, no
Córrego da Bica, Zona Norte do Recife. A tragédia aconteceu nas primeiras horas
desta quinta-feira (6).
Maria da Conceição Braz de Melo, de 51 anos, e a filha,
Nicole Melo de Souza, 23, dormiam, quando, por volta da 1h, a barreira deslizou
e destruiu a residência que elas moravam.
O filho de Maria, Pedro Vinícius, não estava em casa. Ele
trabalha num posto de gasolina, que fica na BR-101, próximo do local do
acidente.
As buscas pelos corpos começaram por volta das 3h. O de
Maria foi encontrado por volta das 4h. Já Nicole, que ficou soterrada, foi
encontrada pelas 7h.
Viaturas do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia
Científica, Instituto de Medicina Legal (IML) estiveram no local.
“Infelizmente, não teve a mesma sorte que eu”
A dona de casa Josefa Francisca de Melo, de 51 anos, mora no Córrego da Bica há
29. Ela era amiga da família, e, em 2010, também perdeu a casa por conta de um
deslizamento de barreira e foi Maria da Conceição quem a consolou. Hoje, Josefa
chora a perda de uma amiga.
“Aqui é tudo com muita barreira e sem lona. As barreiras são
intensas e as árvores muito grandes, que deveriam ser cortadas no verão para
evitar tragédias como esta”, desabafou.
“Hoje eu estou aqui, chorando a perda da pessoa que mais me
ajudou quando eu precisei, há 15 anos. Ela, infelizmente, não teve a mesma
sorte que eu. É muito triste, depois desse tempo todo, acordar com uma notícia
triste dessa. É reviver tudo, só que um pouco diferente, com mortes”, finalizou.
Trabalhos intensos de resgate
O tenente Edinelson Oliveira, oficial de operação do Corpo de Bombeiros,
detalhou a operação de buscas. Segundo ele, nove viaturas foram empregadas, com
um total de 22 militares e dois cães que trabalharam na ocorrência. Estes dois
localizaram o corpo da vítima mais nova.
“Eram dois cômodos. Cada vítima estava em um deles. Os
desafios [das buscas] são constantes, mas não impedem a atuação do CBMPE. O
principal desafio era um novo deslizamento e os riscos do cenário serem potencializados.
Para conter esse desafio, foi designada uma pessoa da segurança para observar
e, havendo qualquer sinal, ele iria avisar para que todos tomassem as medidas
cabíveis para a situação”, detalhou ele.
Elas tentaram se salvar
Segundo o perito criminal Severino Arruda, a casa onde as vítimas moravam foi
quase toda destruída. As vítimas não apresentavam grandes ferimentos. Maria da
Conceição tinha sangramento nos ouvidos, na boca e no nariz, o que significa
que ela pode ter tido feito algum esforço para respirar.
Já Nicole, conta Arruda, teria tentado empurrar os escombros
com as mãos, mas não conseguiu. Ela teria desmaiado e ficado com os braços semi
flexionados.
“Quando elas foram retiradas dos escombros, já estavam
ficando em estado de rigidez cadavérica (endurecimento dos músculos) e não
tinha mais como o braço ficar reto. É como se fosse uma reação de defesa,
tentando empurrar os escombros para tentar respirar e se salvar”, explicou o
perito.