quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Apreensão de 3.500 armas de gel em Pernambuco se torna a maior do Brasil

A Polícia Civil de Pernambuco apreendeu 3.510 armas de gel no bairro de São José, área central do Recife. A operação, realizada na última sexta-feira (13), pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor (Decon), tornou-se a maior apreensão desse tipo de equipamento no Brasil.

O delegado Hilton Lira destacou que a ação visou combater irregularidades no comércio desses produtos. Em cinco estabelecimentos, as equipes identificaram a falta de notas fiscais e, em um dos locais, encontraram armas de gel com selos irregulares do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Os responsáveis pelos comércios foram autuados em flagrante e liberados mediante pagamento de fiança. O coordenador do Instituto de Pesos e Medidas de Pernambuco, Nelson Rattacaso, explicou que os selos usados nos produtos, embora autênticos, foram aplicados de maneira inadequada devido a um erro de certificação.

“O organismo certificador considerou um brinquedo, mas não se trata de um brinquedo. Após a exclusão do selo do registro do Inmetro, o produto deveria ter sido recolhido do mercado, o que não ocorreu, gerando a necessidade da apreensão”, afirmou Rattacaso.

Impactos no Recife e Região Metropolitana

O uso das armas de gel tem gerado preocupações nas comunidades da Região Metropolitana do Recife. Desde o início de dezembro até a segunda-feira (17), a Secretaria de Defesa Social (SDS) registrou 218 ocorrências relacionadas a essas pistolas, o que representa uma média de 13 casos por dia.

Na saúde, os reflexos também são alarmantes. A Fundação Altino Ventura (FAV), referência no atendimento oftalmológico, atendeu mais de 80 crianças e adolescentes com lesões oculares causadas por disparos das bolinhas de gel.

Regulamentação e medidas locais

Atualmente, Pernambuco não possui uma legislação estadual que proíba a comercialização, venda e uso das armas de gel. Entretanto, cidades como Olinda e Paulista já adotaram medidas restritivas por meio de decreto e lei, respectivamente.

O delegado Hilton Lira ressaltou que, mesmo sem uma legislação específica, as ações seguem focadas no combate a irregularidades comerciais. “Estamos tratando como um produto qualquer, que precisa obedecer às regras de comercialização. Estamos fazendo o nosso papel”, destacou.

A apreensão e os números crescentes de incidentes reforçam a necessidade de uma regulamentação mais ampla para controlar a circulação e o uso desses dispositivos no estado.