Vídeos com cenas de sexo foram encontrados no cartão de
memória da câmera que estava escondida no quarto de
um condomínio de luxo na praia de Muro Alto, um dos destinos
mais procurados do Litoral Sul de Pernambuco. O material vai ser encaminhado
pela Polícia Civil para perícia no Instituto de Criminalística.
Os investigadores desconfiam que a câmera estava instalada
no local desde 2019. A polícia quer saber também se as imagens eram enviadas em
tempo real, com ajuda da internet, ou ficavam gravadas apenas no cartão de
memória.
A câmera espiã foi descoberta por um casal de turistas
de São Paulo. Um boletim de ocorrência foi registrado na última terça-feira
(16), na Delegacia de Porto de Galinhas. O caso foi revelado pelo Jornal
do Commercio.
O nome do condomínio onde ocorreu o fato não será divulgado
a pedido da polícia, já que existem vários proprietários de apartamentos, que
podem ser prejudicados pelo erro cometido por apenas um.
VÍTIMA CONTA DETALHES DA DESCOBERTA
As vítimas foram um comerciante e uma professora, ambos de
36 anos. O casal relatou que se hospedou no condomínio no último sábado, dia
13. No boletim de ocorrência consta que eles notaram que havia uma tomada perto
da cama e que não era possível inserir o carregador de celular.
"Foi quando minha esposa percebeu que havia uma luz
refletindo de dentro da tomada. Ela acabou vendo que havia uma câmera. Entrei
na internet e vi que havia anúncios de câmeras idênticas e ficamos assustados.
Imediatamente entrei em contato com o gerente do condomínio", afirmou o
comerciante, em entrevista exclusiva à coluna Segurança,
deste JC.
"O gerente pediu que um funcionário fizesse fotos e
ligou para a dona do apartamento, que afirmou não ter conhecimento da câmera.
Inclusive soube que ela comprou há poucos meses. Também entramos em contato com
a empresa que administra o apartamento", completou.
Preocupados com a possibilidade de divulgação de imagens
íntimas na internet, o comerciante e a professora foram registrar a queixa na
delegacia. "A câmera filma tudo. A gente estava passando férias e tudo foi
interrompido após descobrirmos esse equipamento", lamentou o
comerciante.
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Câmera foi encontrada perto da cama onde o casal estava dormindo desde o último sábado |
INVESTIGAÇÃO
No momento da queixa, na terça-feira à noite, a Delegacia de Porto de Galinhas estava sem delegado e sem escrivão. Havia apenas um agente da Polícia Civil no local. Os depoimentos das vítimas não foram colhidos.
"A polícia voltou a entrar em contato comigo no dia
seguinte, mas já estava na hora do meu voo. Infelizmente, não fomos
ouvidos", contou a vítima.
Por causa disso, o casal precisará ser ouvido por meio de
carta precatória.
O caso está sendo investigado com base no artigo 216-B, do
Código Penal Brasileiro, que prevê pena de detenção de seis meses a um ano,
além de multa, para quem reproduzir, fotografar, filmar ou registrar, por
qualquer meio, cenas de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e
privado sem autorização dos participantes.
A dona do apartamento já foi ouvida pela polícia. Ela
confirmou a versão de que fez a aquisição há poucos meses e que uma empresa
estava responsável pela administração. E reforçou não ter conhecimento do
equipamento.
O próximo passo é colher o depoimento do responsável pela
empresa para entender quem era responsável pela manutenção dos apartamentos e
quem tinha acesso a eles.
O QUE DIZ A EMPRESA?
Por meio de nota à coluna, a empresa que administra o
apartamento onde a câmera foi encontrada afirmou que repudia "esse tipo de
atividade criminosa".
"Reforçamos que seguimos criteriosos processos seletivos com verificação dos funcionários bem como também reiteramos a confiança nos mesmos. Também surpresos por tal ato, iniciamos o investimento em tecnologia para dar mais segurança aos hóspedes e proprietários. O jurídico da empresa juntamente com o portal onde a reserva foi realizada estão dando todo apoio para a identificação dos responsáveis junto à Polícia Civil", disse.
Fonte: JC