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Polícia matou uma pessoa a cada três dias, revela levantamento do g1 com base em dados da Secretaria de Defesa Social |
Em 2023, o estado de Pernambuco testemunhou um aumento
preocupante no número de mortes por intervenção policial, com um crescimento de
30,42% em relação ao ano anterior. De acordo com um levantamento realizado pelo
g1, utilizando dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), a polícia matou em
média uma pessoa a cada três dias, totalizando 120 vítimas ao longo do ano.
A mudança na forma de registrar esses casos pela SDS desde o
ano passado separou as mortes por agentes do estado dos demais casos de
homicídio. Este é o pior resultado para o indicador desde 2018, quando 115
pessoas foram mortas por agentes de segurança. O secretário de Defesa Social,
Alessandro Carvalho, ao ser questionado, afirmou não admitir "excesso
algum" por parte das polícias.
As mortes por intervenção policial em 2023 foram
distribuídas em 42 cidades do estado, sendo mais de um terço concentrado em
Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. O levantamento revelou que, dentre as
vítimas, 118 eram do sexo masculino, duas eram mulheres, e dois terços tinham
menos de 30 anos, incluindo oito menores de 18 anos.
A Região Metropolitana do Recife foi a mais afetada,
respondendo por 55,84% dos casos, dos quais 16,67% ocorreram na capital e os
demais 39,17% nos municípios do Grande Recife.
O caso de Alex da Silva Barbosa, de 33 anos, teve grande
repercussão, envolvendo um confronto armado com a polícia que resultou na morte
de dois policiais militares. Posteriormente, Alex foi encontrado morto com
tiros na cabeça e no tórax.
Uma análise da Rede de Observatórios de Segurança, divulgada
no ano anterior, apontou que todos os mortos pela polícia no Recife em 2022
eram pessoas negras, reforçando uma tendência observada também em 2021, com
89,66% das vítimas de operações policiais sendo negras em todo o estado.
A mudança na forma de registrar os dados, com a criação do
indicador de Mortes Violentas Intencionais (MVI), separou as mortes por
intervenção policial dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). A
coordenadora estadual do Observatório de Segurança, Edna Jatobá, considera essa
mudança positiva, tornando o registro mais transparente.
No dia 22 de janeiro, a governadora Raquel Lyra substituiu
os comandantes das polícias Civil e Militar de Pernambuco. A mudança ocorreu
após confrontos entre torcidas organizadas do Sport e do Santa Cruz, que
resultaram em um policial militar e dois torcedores baleados. O secretário de
Defesa Social, Alessandro Carvalho, afirmou que Pernambuco possui uma das
menores letalidades por violência policial no país, e qualquer excesso será
apurado.