sábado, 16 de dezembro de 2023

Pedro Eurico é condenado por descumprir medida protetiva, perseguição e violência psicológica contra ex-mulher

Sentença foi publicada na quinta-feira (14), na Vara de Olinda. Ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos responde ainda por outro processo por violência doméstica.

Pedro Eurico, ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, foi condenado a 1 ano, 9 meses e 20 dias de reclusão pelos crimes de perseguição, violência psicológica e descumprimento de medida protetiva concedida à ex-mulher dele, a economista aposentada Maria Eduarda Marques de Carvalho. Ele pode recorrer da decisão.

No fim de 2021, ela denunciou o ex-marido por violência doméstica durante os 25 anos em que os dois estiveram casados. Logo após a divulgação das denúncias, Pedro Eurico pediu afastamento do governo de Pernambuco. 

A sentença foi publicada na tarde da quinta-feira (14), pela juíza Patrícia Caiaffo de Freitas Arroxelas Galvão, da Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher de Olinda.

Pedro Eurico também foi multado em 148 dias à razão de 1/30 do salário mínimo. Isso corresponde a R$ 6.512, considerando o salário mínimo atual, de 1.320.

Procurada pelo g1, a defesa de Pedro Eurico disse que vai recorrer da sentença e afirmou, ainda, que a decisão "desconsiderou as provas testemunhais e documentais apresentadas".

A condenação em regime fechado se refere a crimes cometidos antes da divulgação das acusações contra Pedro Eurico sobre violência doméstica.

Sobre a violência doméstica, há outras denúncias em tramitação na Vara Criminal do Recife.

A defesa de Maria Eduarda, em entrevista ao g1, disse que a medida protetiva foi descumprida antes mesmo da divulgação das acusações contra Pedro Eurico.

"Ela morava com ele na Jaqueira e, toda vez que ela tentava se separar dele, ele a ameaçava de morte. Ela saiu de casa e foi morar com a mãe, no mesmo bairro, mas ele foi atrás dela, porque era perto. Aí ela se mudou para um apartamento na beira-mar de Olinda, e ele tentou arrombar a porta. Foi quando ela conseguiu uma medida protetiva. Ele tinha que ficar a 300 metros dela. Mas ele, que morava no Recife, passou a ir para Olinda dizendo que ia se exercitar, e continuou descumprindo a medida", contou o advogado Artur Carvalho, que também é pai de Maria Eduarda.

Pedro Eurico de Barros e Silva atuou por mais de 20 anos na política de Pernambuco. Foi eleito vereador do Recife em 1984 e deputado estadual entre 1986 e 2006, sendo presidente da Assembleia Legislativa no biênio 1995-1996. No segundo governo Miguel Arraes (1987 a 1990), comandou a Secretaria de Habitação. 

Após denúncia da ex-mulher, ele foi exonerado do governo de Pernambuco, onde ocupou a secretaria da Criança e da Juventude, em 2012 e, em 2015, assumiu a pasta de Justiça e Direitos Humanos, até deixar o cargo por conta das denúncias.

Além de secretário de governo, desde 2019, ele atuava como presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Administração Penitenciária, e também deixou o cargo no mesmo momento.

Defesa

Procurada pelo g1, a defesa de Pedro Eurico, representada pelo escritório Rigueira, Amorim, Caribé & Leitão, disse que vai recorrer da sentença e afirmou, também, que a decisão "desconsiderou as provas testemunhais e documentais apresentadas". 

"As contas de energia do apartamento onde Maria Eduarda alegava residir e sofrer perseguição demonstram que o imóvel, naquela época, estava desocupado e em obras. Por outro lado, todas as outras ex-esposas de Pedro Eurico testemunharam o respeito com que sempre foram tratadas, não havendo qualquer histórico de agressão", declarou a defesa.