Mudanças de estratégias na prevenção e repressão aos crimes
são mais que necessárias ao Estado, que já acumula um aumento de 5,4% no número
de mortes violentas (que englobam os homicídios, feminicídios, latrocínios,
lesões corporais seguidas de morte e óbitos durante intervenções policiais).
De janeiro a outubro, 2.994 mortes violentas foram
contabilizadas em Pernambuco, de acordo com as estatísticas oficiais da
Secretaria de Defesa Social (SDS). No mesmo período de 2022, foram 2.839 casos.
O novo plano vai integrar a política pública do Juntos pela
Segurança, que foi lançada pela governadora em 31 de julho deste ano. Na
ocasião, o governo do Estado anunciou concursos para as forças de segurança
pública (polícias Militar, Civil e Científica e para o Corpo de Bombeiros),
além da nomeação de policiais penais e outras ações pontuais, como entregas de
novas viaturas e coletes à prova de bala – cobrança antiga dos policiais.
O governo estadual disse que já garantiu de mais de R$ 1
bilhão em recursos para a segurança pública. “A iniciativa é apresentada à
sociedade após ampla participação da sociedade civil – através de oficinas
temáticas com especialistas e participação popular dos profissionais e da
população em geral realizada presencialmente e online”, disse a assessoria.
Assim como previa o Pacto pela Vida, o governo Raquel Lyra
promete manter a premissa de união com a sociedade civil organizada,
municípios, representantes do Legislativo estadual, pesquisadores e do sistema
de Justiça (Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública) para
o cumprimento de metas a partir do monitoramento contínuo.
META DE REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA
Uma das expectativas é pelo anúncio da nova meta de redução
da violência. No Pacto pela Vida, o governo estadual previa uma redução anual
de 12% nos crimes. Agora, conforme informado no lançamento do Juntos pela
Segurança, o Estado irá com foco maior não só às mortes violentas, mas também
nos crimes contra o patrimônio (roubos) e na violência doméstica/familiar
contra a mulher.
Em relação aos roubos, uma das principais preocupações é com
a escalada da violência no transporte público. De janeiro a outubro de 2023, a
polícia somou 507 assaltos em ônibus da Região Metropolitana do Recife. Houve
um aumento de 33,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em outubro, por exemplo, 45 abordagens criminosas foram
contabilizadas nos coletivos. O crescimento foi de 152% em relação ao mesmo
período de 2022, quando 21 queixas chegaram às delegacias.
Já em relação ao combate à violência contra a mulher, novos
investimentos devem ser anunciados. Em março deste ano, o governo estadual
aumentou para seis o número de delegacias especializadas funcionando 24h – uma
cobrança antiga da população. Antes, apenas a unidade de Santo Amaro, na área
central do Recife, ficava aberta ininterruptamente.
No Estado, uma média de 140 mulheres registram queixa de
violência doméstica todos os dias. Entre janeiro e outubro deste ano, foram
42.202 casos somados. Um aumento de 17,8% em relação ao mesmo período de 2022,
quando 35.825 vítimas pediram socorro.
METADE DAS PESSOAS MORTAS ERA JOVEM
Outra questão que precisa de atenção do governo estadual é o
alto índice de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade. Políticas
públicas precisam ser desenvolvidas para que essas faixas etárias não continuem
representando um número tão expressivo no gráfico de assassinatos.
Das 2.719 pessoas mortas no Estado entre janeiro e setembro,
1.349 tinham entre 18 e 30 anos, ou seja 50% dos óbitos.