Em nove meses das gestões federal e estadual, tem sido cada
vez mais constante o diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) e a governadora Raquel Lyra (PSDB). Um ponto de
interrogação se formou após o encontro não previsto em agenda entre o petista e
a tucana na última segunda-feira (25). A informação que veio a público foi de
que a “conversa rápida” tratou do repasse e execução de projetos com os recursos
do Novo PAC. O acerto é natural, já que o chefe do Executivo Nacional tem
uma cirurgia no quadril marcada para esta sexta-feira (29), e deve ficar algum
tempo afastado das atividades oficiais, mas há quem diga que outros assuntos
estão entrando, aos poucos, no circuito.
Interlocutores palacianos afirmam que, diferente do que vem
sido apresentado por ambas as partes, as conversas podem representar mais do
que uma relação meramente governista. “Uma parte de nós (do governo estadual)
deseja e acredita na tendência de uma aliança com Lula para 2026, mas antes
terá todo esse processo em 2024”, afirmou uma fonte, em reserva. Um possível
apoio do presidente à reeleição da governadora só será possível se o diálogo
para a disputa municipal em Pernambuco se acertar. Embora a discussão em torno
de algumas prefeituras estratégicas, como Recife e Caruaru, sigam nebulosas
entre os grupos políticos, há expectativa de que alguns gestos sejam feitos.
Um grande obstáculo para a consolidação é a reeleição do
prefeito da capital pernambucana, João Campos (PSB), já que o Partido dos
Trabalhadores colocou claro interesse em ocupar a vice-prefeitura na chapa,
assim como há um forte movimento - quase obrigatório para o fortalecimento da
governadora na Região Metropolitana - para o lançamento de um nome vinculado à
gestão estadual.
Também é nítido que Raquel Lyra tem mais a ganhar
com a aliança do que o PT em Pernambuco, que já se posicionou como oposição à
gestora. A chefe do Executivo pernambucano enfrenta diversas resistências, mas
o recente acordo com o PSD de Gilberto Kassab e do ministro da Pesca, André de
Paula, que levou Cacau de Paula à cultura, pode facilitar o relacionamento
entre os dois grupos a nível nacional.
Ainda que não haja qualquer sinalização para a saída
de Raquel Lyra do PSDB, ferrenho opositor a Lula, outras fontes
petistas afirmaram que uma eventual migração seria o caminho “mais fácil” para
que a parceria fosse bem digerida entre os filiados ao PT. Com a chegada de
Cacau de Paula no alto escalão do governo em agosto, aumentaram as especulações
de diálogo avançado entre Raquel e o PSD para a mudança partidária, o que mais
tarde foi desmentido pela governadora.
Mesmo com o “recuo”, a possibilidade futura do embarque da
gestora em um partido de centro-esquerda não foi completamente descartada,
segundo bastidores.
Fonte: Diario de Pernambuco