Entre todas as comidas clássicas das festas juninas, como
canjica, bolos de fubá e milho, um dos favoritos é o pé de moleque. Uma
das versões mais famosas desse doce é que acontece no circuito de Comidas
Gigantes, que começou na noite da última sexta-feira (9).
O evento faz parte da tradição do São João de
Caruaru, agreste de Pernambuco, há mais de 20 anos. A festividade teve
início com o famoso maior pé de moleque do mundo, um quitute com mais de 25
metros de comprimento.
A criadora desse prato típico é Dona Maria Eugênia da
Silva, uma mulher de 77 anos. A história dela com essa iguaria começou na Casa
Maria do Bolo, na praça da Mocidade, localizada no bairro de Rendeiras, que ela
comanda desde 1998.
Dona Maria do Bolo, como é conhecida na região, é natural de
Santa Maria do Cambucá, também no agreste pernambucano, a cerca de 54 km de
Caruaru. Na década de 1960, ainda adolescente, ela deixou o Sítio Baixio, onde
nasceu, para trabalhar como doméstica na "Capital do Forró".
Antes de se tornar famosa na região e bater recordes com seu pé
de moleque, a pernambucana não sabia como fazer sobremesas, mas lembra que um
dia, antes de dormir, pediu para aprender em suas orações.
"Eu não sabia as receitas, mas Deus me ensinava", conta ela, que acordava e anotava tudo em um caderno.
A tradição do pé de moleque gigante começou em 2001, quando
o primeiro doce tinha "apenas" 3 metros de comprimento e pesava
aproximadamente 500 kg. Desde então, ele não parou de crescer ano após ano.
Em 2018, devido ao seu empreendedorismo e importância
cultural, Dona Maria recebeu o título de Cidadã de Caruaru pela Câmara de
Vereadores.
O Maior Pé de Moleque do Mundo, é claro, pede uma receita à
sua altura e grandiosidade. Na última edição, para produzir o bolo gigante,
foram utilizados 250 kg de margarina Primor, 800 kg de massa de mandioca, 300
kg de açúcar, 3.600 ovos, 18 kg de cravo, 18 kg de canela, 18 kg de erva-doce,
90 kg de chocolate em pó, 70 kg de goiabada e 80 kg de coco ralado.