Mal planejamento urbano, mudanças climáticas e falta de
infraestrutura para moradia, provocaram, novamente, estragos durante
fortes chuvas em Pernambuco - desta vez, as cidades mais atingidas
foram Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, no final de
semana. Nesta segunda-feira (20), contudo, os danos continuam
presentes nas vidas de dezenas de famílias da região.
Ao todo, 217 famílias ficaram desalojadas - 865
pessoas que que, após o desastre, seguiram para a casa de um parente,
segundo levantamento feito pelo Governo de Pernambuco até esta segunda.
Ainda, há 15 famílias compostas por 44 moradores dos
municípios de Ipubi, Santa Cruz do Capibaribe e Trindade que estão desabrigadas
e não podem retornar para suas casas. Só em Ipubi, 37 pessoas de 12
famílias tiveram suas casas destruídas.
O Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) chegou
a resgatar 54 pessoas que estavam ilhadas devido aos alagamentos
provocados pela chuva em três municípios do Agreste entre o sábado (18/03) e o
domingo (19/03). A maioria dos resgates ocorreu em Caruaru, onde 47 pessoas
precisaram ser retiradas de suas residências por equipes do CBMPE.
Os bombeiros militares também atuaram em Santa Cruz do
Capibaribe, onde seis pessoas receberam socorro para sair das áreas alagadas, e
em Toritama, com uma pessoa atendida. Ao todo, 40 profissionais da corporação
foram empregados na operação.
A Prefeitura de Caruaru decretou estado de
emergência e contabilizou, até agora, 192 famílias - em torno de 600 pessoas -
que tiveram as casas afetadas nos bairros Caiucá, Divinópolis,
João Mota, Nova Caruaru e Severino Afonso. Dessas, duas famílias ficaram
desalojadas e estão em um ponto de acolhimento emergencial.
Os bairros foram os mais afetados, com cenas de destruição e
inundações que atingiram também condomínios e as redondezas do Polo
Caruaru. A ponte que o liga ao Jardim Panorama ficou parcialmente
destruída. Um carro foi arrastado e ficou preso no riacho. No local, havia um
ponto de mototáxi que foi levado pelas águas.
Aos prantos, a dona de casa Rosineide de Lima relatou a dor
de perder tudo o que tinha. “Desmaiei subindo na escada do vizinho, nos braços
do homem que me acudiu. Estou perdida no meio da rua, não tenho onde ficar.
Queria entrar para lavar essa casa, não tem comida, não tem nada. Eu estou com
fome”, desabafou.
A aflição também tomou Robevânia Silva, que grávida de 7
meses, viu todo o enxoval do bebê ser estragado. “Foi um momento de desespero
para a gente, porque pegou a gente de repente. Não deu para salvar nada, nem o
berço do bebê, só o documento”, contou.
Fonte: Jornal do Commercio