Além das ações implementadas em áreas como educação, saúde
se segurança pública, o governador abordou outros assuntos, como o de agora
passar a ser oposição à próxima governadora, Raquel Lyra (PSDB).
“Vamos fazer oposição, sim, à próxima administração. Mas vai ser uma oposição responsável. Disse que o PSB e o PT devem seguir juntos nas eleições de 2024 e 2026 e assegurou ajudar o presidente Lula a reconstruir o Brasil da forma que ele precisar. Com ou sem cargo.
OPOSIÇÃO RESPONSÁVEL
Sempre tratei as críticas com muita serenidade, sempre respondi aquilo que
achei relevante, mas nunca fiz política da maneira fácil. Sei muito bem, com a
experiência que eu já tive – oito anos como secretário e oito anos como
governador – as dificuldades de se governar um Estado como Pernambuco. Por
isso, tenho dito quando sou questionado que vamos fazer oposição, sim, à
próxima administração. Mas vai ser uma oposição responsável. Porque a gente
sabe as limitações de qualquer governante. Mas não vamos deixar de falar
naquilo que for importante ser dito e ser criticado nas futuras administrações.
RETALIAÇÕES
Nós fomos oposição oito anos aos presidentes que estavam administrando o Brasil. Nos últimos quatro anos, vocês viram qual foi o tratamento que o presidente Bolsonaro deu ao Nordeste. Foi um presidente que não quis saber de atuar em termos federativos. Isso tudo foi dificuldade, e eu não poderia nunca baixar a cabeça a um Governo Federal que fez tanta coisa errada. A gente precisava dizer o que ele estava fazendo. E o Nordeste fez isso. Por isso, foi tão retaliado. Mas graças ao povo nordestino vamos ter um presidente que vai dar atenção ao Nordeste.
AÇÕES NÃO DIVULGADAS
Isso é uma estratégia e campanha se faz com o candidato e com os grupos. Eu
gostaria mais que meu governo tivesse sido mais defendido, até porque muitas
das críticas tinham defesa. Não foi uma campanha fácil (ao Governo do Estado),
porque foram cinco candidatos competitivos. Tinha muita gente criticando e
pouco palco para defesa. Mas Danilo (Cabral) fez uma campanha propositiva. Fez
propostas para o futuro. E eu tenho a consciência muito tranquila em relação ao
que fizemos porque ajudamos Pernambuco. Muitos Estados atrasaram a folha de
pagamento e outros, até hoje, só têm equilíbrio porque estão dentro do plano de
recuperação fiscal, um equilíbrio que não é consistente como o que construímos.
Com todo o esforço que fizemos, as pessoas sofreram. O sentimento de mudança
prevaleceu independentemente de qualquer coisa. Isso tem que ser respeitado.
BASE MUITO AMPLA
A dinâmica da política é isso Novos quadros vão surgindo, as pessoas têm
ambições e muitas vezes procuram caminhos para atingir seus objetivos.
Tínhamos, realmente, uma base muito grande, principalmente em 2014, e fizemos
ajustes. Era uma base grande que não tinha identificação. Na reeleição já
tínhamos uma base com mais identidade política. Hoje pensamos totalmente
diferente da nossa oposição. Até porque sempre fomos contra a forma como o
Brasil estava sendo administrado por Bolsonaro. Muitos aceitaram apenas
alianças para ter dividendos eleitorais ou políticos momentâneos. O povo de
Pernambuco não me elegeu para apoiar Bolsonaro. Me elegeu para ser oposição. E
Bolsonaro fez um Governo que precisou ter oposição como a que fizemos. E a
gente talvez tenha perdido apoio porque seguiu a coerência em relação ao que a
gente acreditava.
PARTICIPAÇÃO NO GOVERNO LULA
Eu tenho dito e quero repetir aqui que me sinto muito contemplado na minha vida
pública, ao ter sido governador por oito anos. Quem conhece minha trajetória
viu claramente que eu não tinha essa ambição. O povo de Pernambuco me deu essa
confiança por dois mandatos. Fui e sou defensor de primeira hora da aliança com
o presidente Lula, entendia que era a única oportunidade que tínhamos para
vencer Bolsonaro. Lula vai ter um desafio enorme de reconstruir o Brasil. Os
partidos que têm responsabilidade política e com o Brasil têm que ajudá-lo. Se o
presidente entender que a forma de ajudar é ocupando cargo, vamos ocupar cargo.
Se ele achar que a forma de ajudar é não ocupando cargo, vamos continuar
ajudando. Não tenho nenhuma pretensão mais na minha vida política. Até porque
preciso também de tempo como pessoa física. Tenho que me dedicar um pouco mais
à família e ter mais cuidado com minha saúde.
PAIXÃO PELA POLÍTICA
A política faz transformações. não tenha dúvida disso. nunca neguei a política
mesmo não tendo uma convivência com ela antes de ser governador. Sempre entendi
que se você não tiver a capacidade de conversar, de juntar, de agregar quem
queira estar com você, você não vai ter êxito. O presidente Lula defende
exatamente isso. Tanto que está fazendo um ministério com gente experiente não apenas
em gestão, mas também na política. Isso vai ser fundamental para a reconstrução
do Brasil. A gente sempre tem que defender a política e buscar fazer a boa
política.
PSB FRAGILIZADO
Toda eleição é um aprendizado. O PSB teve uma diminuição muito grande. A
bancada federal hoje é muito pequena em relação à que já teve. Pernambuco foi o
único Estado que atingiu o planejado. Sempre trabalhamos com cinco, seis
deputados federais, fizemos cinco. A maioria dos Estados não conseguiu. A gente
tem que se preparar para o futuro, se não, o PSB vai perder a dimensão e a
importância de um partido com sua história. Aqui em Pernambuco, mesmo com a
perda do Governo do Estado, a gente continua a administrar a maioria dos
municípios, a ter a maior bancada na Assembleia Legislativa, a maior bancada na
Câmara, o prefeito da capital. Pernambuco tem tudo para ajudar no
redimensionamento do partido. Agora, vamos ajudar o presidente Lula. Temos o
vice-presidente Geraldo Alckmin. É sentar, planejar, fazer os ajustes em cada
Estado e ter uma boa participação nas eleições de 2024 e de 2026.
IDAS E VINDAS COM O PT
A partir do momento que o PSB entendeu que tinha de contribuir para a eleição
do presidente Lula, precisamos estar muito juntos do PT para ajudá-lo. A
prioridade tem que ser a reconstrução desse país, isso precisa ser replicado
nos Estados e nos municípios em que atuamos. Essa aliança teve idas e vindas,
agora ela tem que ter só um caminho: o de ida. Não dá para mais dissociar até
porque nós somos governo agora. Nós temos um vice-presidente, participamos de
ministérios importantes – Justiça, Indústria e Comércio, Portos e aeroportos.
Não há mais tempo nem espaço para se discutir que não seja uma aliança muito
forte no campo progressista.
MÃOS ATADAS PARA O METRÔ
O metrô precisa ser recuperado. Ele está totalmente destruído. Chegamos a ter
40 vagões. Hoje, temos 14 ou 16. Ou seja, ele está num processo de
canibalização. Quebra uma peça, ele pega de um que está parado e vai ajustando.
Daqui a pouco só tem a carcaça porque vão tirando as peças boas. Ele dá um
prejuízo à União pela falta de investimento de algo em torno de R$ 300 milhões
por ano, ou seja, precisa se ter uma negociação onde se faça um processo de
recuperação do metrô. O Governo do Estado hoje não tem condições de atuar
sozinho sem ter o apoio federal. Eu não tive nenhum. Foi zero. O próximo
governante vai ter uma discussão a ser feita, mas vai ter um Governo Federal
que vai querer ajudar a encontrar uma solução.
ECONOMIA
A gente teve a preocupação desde o começo de fazer um governo em que a gestão
funcione e que os números sejam condizentes com o que a gente quer para
Pernambuco. A pior coisa do mundo é você governar com desequilíbrios. Tivemos
muitos desafios, mas a gente deixa um estado com as contas equilibradas, com
sua capacidade de pagamento em um padrão muito bom, com recursos em caixa, com
níveis de endividamento nunca vistos antes. Nunca tivemos um momento de tão
pouco endividamento como agora. Vamos deixar o estado em um padrão de gestão e
de finanças muito bom para o futuro. A gente está deixando o estado bem melhor
do que recebemos em todos os sentidos e com uma perspectiva de futuro bem mais
otimista.
EMPREGOS
A geração de emprego em Pernambuco, desde o início do Plano de Retomada,
atingiu todas as metas que tínhamos traçado, que eram 130 mil novos empregos. A
gente vê uma diminuição do desemprego, grandes empreendimentos chegando e
acontecendo.
RECURSOS EM CAIXA
Tudo aquilo que planejamos, como é nossa tradição, cumprimos; e Pernambuco hoje
tem uma condição que nunca teve antes: recursos em caixa – vamos deixar quase
R$ 3 bilhões; uma carteira de obras em andamento que são muito importantes
serem finalizadas, principalmente o plano rodoviário, o plano da expansão da
oferta de água, uma série de obras acontecendo dentro dos municípios.
SALDO
Vamos deixar Pernambuco numa condição nunca vista antes na educação, com a
saúde interiorizada, com leitos de UTIs em todas as regiões, com estruturas de
alta e média complexidade funcionando em todas as regiões. Vamos deixar
Pernambuco com a menor taxa de homicídios de sua história. São conjuntos de
ações que, no meu entendimento, precisam ser continuadas em favor de Pernambuco
e podem ter certeza de que a nossa responsabilidade com a gestão pública sempre
foi a nossa marca, desde o início.
SEGURANÇA PÚBLICA
O desafio que tivemos foi de reduzir a violência com um ambiente econômico
desfavorável, que foram esses últimos oito anos, e com a pandemia, quando a
gente via o crescimento do crime organizado, do tráfico de drogas em todo o
país. Nós vimos nos últimos quatro anos, também, a irresponsabilidade da
liberação de armas por parte do Bolsonaro. Mais armas em circulação é
claramente um fator potencial de aumento de criminalidade, e nós conseguimos
diminuir taxa de homicídio. Hoje, temos a menor taxa da história. Nunca tivemos
números tão positivos em relação a crimes violentos – patrimônio, roubo, furto
e assalto. Então, quem critica o Pacto pela Vida não conhece, porque critica
apenas pelo que ouve falar. Tem que conhecer. Tem que entender o que é política
pública.
CULTURA
O nosso FunCultura é reconhecido nacionalmente como uma das políticas públicas
mais bem-sucedidas, e nós, mesmo com as dificuldades financeiras, nunca
deixamos de cumprir com nossas obrigações. O FunCultura nunca foi
contingenciado, mesmo nos períodos mais críticos, como o da pandemia. Nós
sempre valorizamos nossas expressões, sejam musicais, seja o artesanato – A
Fenearte, ano a ano, vem batendo recordes de vendas, público, faturamento, de
negócios. E nós buscamos com a pandemia não deixar faltar os incentivos à
cultura para que nossos artistas pudessem efetivamente ter apoio nesse período,
que foi o mais sacrificado. Procuramos fazer os editais, ações que vinculassem
às lives e outras coisas. E tão logo a retomada aconteceu, no final de 2021,
também fizemos um investimento recorde nas ações culturais em 2022, em que,
desde o São João a gente tem incentivado muito as atividades culturais e vamos
deixar todo um aprendizado sobre Carnaval que vai caber ao próximo governo
utilizá-lo para o futuro.
ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA
A gente viu como o Brasil andou para trás nesses últimos quatro anos. Muito
mais vidas teriam sido salvas se tivéssemos tido uma coordenação nacional,
porque precisou-se comprar muitos equipamentos em tempo recorde e não houve uma
coordenação, ou seja, cada estado teve que ir atrás, procurar fornecedor e
fazer compras internacionais sem ter nenhuma experiência nisso. Então, mostrou
que as políticas precisam ter um olhar nacional e a saúde não pode ficar nunca
fora disso. Essa questão da vacinação é fundamental. O Brasil estava andando
para trás em relação à cobertura vacinal e isso tem que ser recuperado, porque
vacinas salvam vidas.
INTERIORIZAÇÃO DA SAÚDE
A gente avançou na interiorização da saúde, principalmente em especialidades
que exigem uma média ou alta complexidade. No Hospital Mestre Vitalino, em
Caruaru, triplicamos a quantidade de leitos e a capacidade de atendimento.
Duplicamos o atendimento de Afogados da Ingazeira, Arcoverde e Garanhuns.
Criamos um hospital novo em Serra Talhada para média e alta complexidade,
principalmente na questão do trauma, que precisa de um atendimento rápido.
Quanto mais tempo demora, maior a possibilidade de óbito ou sequelas. Colocamos
leitos de UTI em todas as regiões. Quando iniciamos o governo, tínhamos mil
leitos de UTIs; hoje temos mais de 1,5 mil.
ENSINO INTEGRAL
Quando Eduardo (Campos) assumiu o governo, tínhamos dez escolas em tempo
integral e que eram ilhas de excelência, ou seja, estavam ali os melhores
alunos, melhores professores, com uma política que não era inclusiva. Depois,
Eduardo criou o modelo de universalização e nós avançamos. Hoje, as vagas estão
garantidas em todo o ensino médio. Levamos o tempo integral para o ensino
fundamental nos anos finais. Já estamos com 35% de cobertura. Mas isso vai
precisar ser continuado em uma conjunção muito grande com os municípios e, mais
uma vez, o governo federal tem que está atuando nisso. Em educação, o caminho
já está trilhado. Se o (próximo) governante tiver responsabilidade e seguir
esse caminho, tem tudo para dar certo no futuro. E avançamos muito no ensino
técnico, no qual Eduardo encontrou seis escolas, deixou 27 e eu estou deixando
com 61.
PARCERIA COM OS MUNICÍPIOS
Em 2019, criamos o Criança Alfabetizada, que é uma parceria com os municípios
para alfabetizar crianças na idade certa e com qualidade. A pandemia atrapalhou
o desenvolvimento desse programa, mas ele foi retomado. Hoje, municípios que
têm melhores resultados na educação, tem também uma retribuição via ICMS maior,
então investir em educação dá retorno também financeiro para os municípios. Nós
acompanhamos aqueles que estão evoluindo menos justamente para fazer ações em
conjunto.
ARENA DE PERNAMBUCO
Antes da pandemia, a Arena já estava numa sustentabilidade bem interessante
entre o que arrecadava e o que se gastava para mantê-la. E com essa retomada
tem tudo para também se equilibrar e se ver o modelo de negócio, porque nós
tínhamos interesse, lá atrás, de fazer com que ela fosse administrada por um
privado, que ia dar uma dimensão como a gente viu em outras arenas. Nós estamos
realizando jogos, embora não seja a quantidade que gostaríamos, mas tem
expectativas de os times jogarem mais, já estamos começando a trazer grandes
atrações A pandemia atrapalhou, mas há campo para se estudar, até porque os
gargalos de mobilidade estarão bem mais aliviados com a duplicação da BR-232 e
ao mesmo tempo a gente tem uma expectativa positiva para crescimento econômico.
A quantidade de shows e de ações também possam fazer a diferença nesse
segmento, que Pernambuco tem muito know-how.