Duas toneladas de óleo foram retiradas de praias
em Pernambuco entre domingo (2) e segunda-feira (3). Pedaços sólidos
de óleo que se assemelham a petróleo cru foram encontrados
inicialmente por um pescador na cidade de Tamandaré, localizada no Litoral
Sul do Estado.
Segundo o Centro de Pesquisa do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) do município pernambucano, a maior parte
do óleo já foi retirado, mas os trabalhos de limpeza das praias devem
continuar nesta terça-feira (4).
A substância possivelmente tem origem na lavagem de
tanque de navio petroleiro, conforme nota técnica emitida por cientistas depois
de episódio semelhante registrado em agosto, ao Norte da Região Metropolitana
do Recife.
Amostras foram encaminhadas para análise no Departamento
de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A avaliação
deverá indicar se os resíduos são da mesma natureza dos encontrados em agosto.
Na segunda-feira, mais óleo foi encontrado na foz do rio
Mamucabas, em Tamandaré e Barreiros. A equipe da APA Costa dos Corais
trabalhou na limpeza.
Em agosto, foram recolhidas pelotas de óleo em 10 praias de
Pernambuco, duas da Paraíba, uma da Bahia e outra de Alagoas.
Após analisar o óleo que apareceu em agosto, cientistas
brasileiros concluíram que o material não é do mesmo tipo de petróleo do desastre
ambiental de 2019. Segundo a perícia, trata-se de petróleo cru, possivelmente
do Golfo do México e a hipótese mais provável é que ele tenha sido
derrubado durante a lavagem de tanques de navio petroleiro em alto mar.
Segundo a coordenadora do Programa Ecológico de Longa
Duração Tamandaré Sustentável, a professora Beatrice Padovane, o
ressurgimento desse óleo agora em outubro preocupa. “O óleo residual do
acidente de 2019 eventualmente ressurge na praia, mas tem características
diferentes das pelotas. É mais duro e não tem cracas, que se incrustam no óleo
quando ele está à deriva em alto-mar”, esclarece.
A professora, que trabalha no monitoramento ambiental da
região, ressalta que os prejuízos podem ir além dos efeitos sobre o turismo,
porque o óleo pode se propagar na cadeia alimentar das espécies marinhas da
região.
Na semana passada, também foram identificados fragmentos de
óleo no município de Coruripe, em Alagoas.