A tragédia provocada pelas fortes chuvas e pelos
deslizamentos de barreiras que deixaram, ao menos, 93 mortos no Grande
Recife e mais de 6 mil desabrigados se tornou o maior desastre já
registrado em Pernambuco no século 21, segundo especialistas.
"Pode até superar as mortes de 1975", destaca o
geógrafo e professor do departamento de Ciências Geográficas e do programa de
Pós-Graduação da UFPE, Osvaldo Girão, se referindo à cheia histórica por
que passou a capital pernambucana.
De fato, Recife esteve submerso em 1975. A histórica
cheia motivou 107 mortes e teve todos os serviços paralisados, quando mais da
metade da cidade ficou sem energia elétrica.
Agora, mesmo quatro décadas depois, a tragédia em meio às
fortes chuvas deixa pelo menos 93 mortos - com mais de 20 pessoas ainda
desaparecidas - e uma dor imensurável, sepultada debaixo da lama que cobre
alguns municípios da capital pernambucana. Transformou-se no maior desastre
registrado no Grande Recife neste século 21.
"Depois de 1975, essa é a maior tragédia daqui",
reforça o historiador Leonardo Dantas, que era repórter naquela época e viu a
água subir também para dentro da própria casa.
As comparações são inevitáveis. Em 1975, o Recife estava
com 80% do território habitado alagado. Foram cinco dias de prejuízos - com os
hospitais funcionando à luz de velas e o transporte pelos bairros sendo
improvisado em botes e barcos.
A principal diferença em relação a 1975, contudo, está na
causa da morte das vítimas. É o que destaca o geógrafo e professor Osvaldo
Girão.
"Em 1975, muita gente morreu por problemas cardíacos,
por contaminação de água e principalmente por afogamento. Agora, temos metade
ou mais só por movimento de massa. A morte está relacionada com os morros e encostas",
explica.
Fonte: g1