O aumento do preço do gás de cozinha, anunciado nesta
quinta-feira (10) pela Petrobras, deixou preocupadas várias famílias que
já tinham dificuldades para conseguir comprar os botijões. Antes mesmo do
reajuste, ter dinheiro sobrando para adquirir o produto já era um desafio e há
revendedores que reclamam da redução nas vendas.
Desde o ano passado, a dona de casa Marluce Arlinda Maria,
de 55 anos, cozinha com fogo e carvão e usa o fogão a gás apenas para esquentar
a comida. Com o aumento, nem isso ela sabe se vai conseguir fazer.
"O meu marido adoeceu e não tem mais como trabalhar. O
meu filho comprou um botijão já fez dois meses. Eu estou cozinhando com carvão
e usando o gás para esquentar a comida. Já está durando dois meses", disse
Marluce.
Moradora da comunidade Roda de Fogo, no bairro dos Torrões,
na Zona Oeste do Recife, ela está sem trabalho e conta com a ajuda dos filhos
para sobreviver, além de vender alguns produtos para pagar as contas mensais.
"Eu vendo uma cerveja, uma bucha de carro. Mas estou
vivendo da ajuda dos outros. Quando acaba o botijão, juntam dois e compram. Não
sei como vai ser com outro aumento", declarou a dona de casa.
Desempregada, Daniele de Araújo, de 35 anos, mora em
Camaragibe, no Grande Recife, e já não teve dinheiro para comprar o botijão de
gás em fevereiro. Ela contou com a ajuda de duas vizinhas, que dividiram o
valor e pagaram para ajudá-la.
"Está difícil, muito. No dia 15 do mês passado, uma
vizinha se juntou com a outra e comprou para mim. Quando esse acabar, acho que
ninguém vai poder me ajudar. Vou ter que me virar de todas as formas, ficar sem
cozinhar, comer na casa da minha mãe ou de alguma amiga. Deus há de arranjar um
emprego pra mim, mas está difícil", afirmou Daniele.
Para que o botijão dure, ela tenta economizar. "Eu moro
sozinha e corto tudo antes de cozinhar. Quando está tudo na panela, temperado,
que eu vou e ligo o fogo. Espero que o gás dure. Faço faxina quando aparece,
mas está difícil conseguir", disse Daniele.
O gás de cozinha passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo,
um reajuste de 16%. A última alteração no preço do insumo havia ocorrido em
outubro do ano passado, há 152 dias.
Do Estação Notícias / Globo Nordeste