Caju e Castanha |
O repente, linguagem artística baseada no improviso cantado,
é agora Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O reconhecimento veio nesta
quinta-feira (11), durante a 98ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural, vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan).
Referência da identidade nordestina, a manifestação cultural
teve seu registro aprovado por unanimidade pelos 22 conselheiros presentes na
reunião. A cantoria, como também é conhecida, reúne verso, rima e oração entre
os seus fundamentos principais.
A solicitação de reconhecimento foi formalizada no ano de
2013 pela Associação dos Cantadores Repentistas e Escritores Populares do
Distrito Federal e Entorno. O processo de registro junto ao Iphan culminou no dossiê
produzido em parceria com o Departamento de Antropologia da Universidade de
Brasília (UNB).
O documento aponta a existência de 50 modalidades de
repente. Entre elas, estão os versos heptassílabos, cuja acentuação tônica
obrigatória está na sétima sílaba, e decassílabos, em que o acento obrigatório
está na terceira, sexta e décima sílabas de cada verso.
De acordo com historiadores, há registros da prática do
Repente desde meados do século XIX nos estados de Pernambuco e Paraíba. No
início do século passado, a manifestação teve importante papel na difusão do
rádio na região. Até então, a maior parte dos repentistas tinha origem rural,
vivendo no interior e cantando para plateias camponesas.
Essa realidade se transformou na década de 1950, com os
cantadores se fixando nas cidades à procura de ferramentas que auxiliassem a
atuação do repentista, especialmente o rádio e o correio. Aos programas
radiofônicos, no decorrer das décadas de 1980 e 1990, se somaram a gravação de
discos e a realização de festivais – mantendo a origem rural dos poetas. Mais
recentemente, a internet se tornou mais uma ferramenta para a divulgação de
cantorias e festivais.
Com o título do Iphan, o repente foi inscrito no Livro de
Registro das Formas de Expressão. Ele se junta a outros 12 bens imateriais com
ocorrência em Pernambuco registrados: Baianas de Acarajé, Feira de Caruaru,
Frevo, Roda de Capoeira, Mestres de Capoeira, Maracatu Nação, Maracatu de Baque
Solto, Cavalo Marinho, Teatro de Bonecos Popular do Nordeste – Mamulengos, Caboclinho,
Literatura de Cordel e Ciranda do Nordeste.
Do Estação Notícias / Folha de Pernambuco