O arquiteto e urbanista Edmilson de Sousa Filho conquistou
o 1º lugar no Concurso de Ideias Patrimônio Cultural – Edição Especial
Pernambuco 2020 – promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de
Pernambuco (CAU/PE). O profissional premiado contou com a assistência da irmã,
a também arquiteta Clécia Sousa, com quem tem o Escritório de Arquitetura &
Ambientes, em Caruaru.
Edmilson, que também é jornalista, venceu na modalidade
profissional, categoria intervenção em obras com preexistência patrimonial
vinculada a uma obra já executada ou em execução. Como responsável técnico, ele
teve a missão de transformar uma ruína arquitetônica no centro histórico do
município do Brejo da Madre de Deus, no Agreste pernambucano, em um equipamento
cultural para a comunidade.
O edifício funcionou como sede da Escola de Música São
José, bem como um clube social, da década de 1930 a 1990 O largo da Praça Pedro
Guenes servia também para as exibições musicais e demais eventos. Ainda na
década de 1990 o poder municipal concedeu a uma instituição bancária o
direito de construir em cima da praça, que teve cerca de 1/2 de sua área ocupada.
Deste modo, já após os anos 2010, o Ministério Público
contactou a prefeitura para que fosse feito um Termo de Ajustamento de Conduta
a fim de a instituição bancária conceder uma compensação ambiental.
A fachada original mostra frontões que demarcavam a forma
do telhado. Os tijolos maciços aparentes faziam o edifício se destacar entre o
casario tradicional. A fachada passou por alterações ao longo dos anos, tendo
seus frontões camuflados por uma platibanda. Também foi adicionado reboco e um
jardim escalonado onde antes havia um talude seguindo o aclive do terreno.
O projeto propôs o resgate de traços originais do edifício
bem como a adição de elementos contemporâneos. Os frontões foram
reinterpretados em conjunto com o telhado que serve também de marquise para
proteger das intempéries os tijolos aparentes, voltados para o sul, que
tornaram a destacar a imponente fachada.
Abaixo da marquise também está o pátio que conecta o
exterior com o interior. A manutenção deste pátio é de fundamental importância
porque possibilita a visualização das deslumbrantes paisagens natural e
antrópica. As aberturas em vidro temperado também permitem a contemplação da
paisagem pelo interior da escola de música.
O edifício é envolto por uma bela paisagem natural e um
casario histórico que é tombado pelo Governo do Estado desde 1985. Em
intervenções patrimoniais, deve-se haver uma relação de harmonia e valorização
mútua entre o edifício intervido e os elementos circundantes.
“O Salão principal contém palco e telhado termoacústico.
Também dá acesso a salas de aula e um café”, comentou Edmilson. A clarabóia tem
faces norte e sul, recebendo iluminação indireta e permitindo a exaustão do ar
por meio do sistema ‘boca de lobo’, o mais adequado para a situação. O conjunto
de soluções permite economia de energia, fator importante em qualquer
edificação.
A sala de aula foi contemplada com um jardim interno,
permitindo um ambiente arejado e agradável, proporcionando o bem-estar dos
alunos e estimulando a criatividade, já que se trata de uma escola de música em
que a inspiração é fundamental.
Do Estação Notícias / Jaciara Fernandes