Um homem que na sua simplicidade, com trabalho e honestidade, contribuiu quando foi prefeito para o desenvolvimento da sua terra, a querida Brejo da Madre de Deus, priorizando a educação.
Mário Falcão foi um brejense muito atuante em obras e ações
em sua cidade natal. Querido por todos, o ex-prefeito do Brejo da Madre de Deus faleceu aos 94 anos de idade, na ultima segunda-feira, dia 10 de setembro, deixando uma imensa saudade e um grande legado.
Para deixar nossos leitores bem informados sobre quem era o senhor Mário Falcão, o Blog Estação Notícias traz a biografia deste grande brejense, e também refresca a memória de seus contemporâneos.
A biografia do senhor Mário Falcão foi escrita por sua filha Roseana Maria Falcão em dezembro de 2016. Confira:
A biografia do senhor Mário Falcão foi escrita por sua filha Roseana Maria Falcão em dezembro de 2016. Confira:
Mário Falcão nasceu prematuro, aos sete meses, em 03/05/1924 no
sobrado Nº 31 da Rua Dr. José Mariano, na cidade do Brejo da Madre de Deus. Foi
batizado às pressas pelo Padre Ananias que também foi seu padrinho, pois sua
mãe temia que ele morresse “pagão”. Seus pais são: Gustavo Marinho Falcão e Amélia Arcelina
Falcão.
Seu pai foi prefeito durante muito tempo no Brejo; foi
prefeito indicado e prefeito eleito pelo voto.
Sua mãe morreu muito jovem e seu pai casou-se novamente, com Júlia, sua cunhada. Seus irmãos são Alcina, Almerinda, José, Nelson, Antônio, Lindaura, Erasmo, Leonor (Lôzinha), Dejanira (Dida), José Carlos (Zezito), Gustavo (Tavinho), José Bonifácio (Zezinho) e Amélia. Teve outros três irmãos que morreram ainda crianças bem pequenas, Carlos e Margarida, nascidos antes dele, e Sebastião, nascido em 1934 e que faleceu em 1937.
Sua mãe morreu muito jovem e seu pai casou-se novamente, com Júlia, sua cunhada. Seus irmãos são Alcina, Almerinda, José, Nelson, Antônio, Lindaura, Erasmo, Leonor (Lôzinha), Dejanira (Dida), José Carlos (Zezito), Gustavo (Tavinho), José Bonifácio (Zezinho) e Amélia. Teve outros três irmãos que morreram ainda crianças bem pequenas, Carlos e Margarida, nascidos antes dele, e Sebastião, nascido em 1934 e que faleceu em 1937.
Mário estudou na Escola onde por muitos anos funcionou o Fórum; era uma
escola pública e sua primeira professora foi Dona Sylvia Guimarães, a qual não
era brejense. Sua irmã mais velha, Alcina, também foi sua professora. Em 1935,
“em vista das notas obtidas durante o ano letivo e nos exames que prestou em 18
de novembro do corrente ano, fica com direito a matricular-se no 3º ano do
curso primário.” Em 1936, não deve ter frequentado a escola, talvez por conta
da perda da sua mãe, que faleceu nesse ano. Com doze anos de idade, e muito
apegado à sua mãe, ao vê-la doente, se preparando para passar uma temporada na
cidade de Pesqueira, para tratamento médico, pediu que o deixasse acompanhá-la,
no que foi atendido. Estudou até a terceira série do curso primário, “Aprovado
com Distinção” conforme Boletim de Promoção, “com direito a matricular-se no 4º
ano do curso primário” em 17 de novembro de 1937.
Estudou música, mas por conta do professor que o agrediu
batendo na sua cabeça com a vareta de maestro, não quis mais voltar às aulas. Aprendeu a tocar bandolim, de ouvido. Seu pai
havia contratado um professor para ensinar às suas irmãs, Alcina e Almerinda;
elas não aprenderam, e quem aprendeu foi ele e seu irmão José de Souza.
Quando jovem, gostava de fazer serenatas e com os amigos
José de Onofre e Luiz de Souza Dantas ao violão, ele cantava e tocava
bandolim. Suas músicas preferidas para as serenatas eram valsas e outras da
época, Perfídia, Rosa, Célia, Fascinação... entre outras.
Era sócio da ARB, Associação Recreativa Brejense, fundada
em 1938 e com amigos promovia festas que aconteciam no Sobradão da Rua de São
José, onde hoje funciona o Museu da cidade.
Sempre gostou de ler jornais, livros e revistas, hábito que
cultivava bastante. E ainda criança, dizia aos colegas na escola: “Um dia,
ainda vou ser Prefeito da minha terra”.
Seu pai, o Sr. Gustavo, que era o prefeito da cidade à
época, ao saber, chamou o filho e lhe perguntou sobre isso. Mário lhe confirmou
o que dissera na escola, ao que o pai retrucou: “Você pensa que ser prefeito é
só dizer, é? Tem que se preparar...”
Casou com Terezinha Barros Falcão, filha de Cícero de
Barros Velho e Antônia Augusta Barros, em 24/09/1953, com quem teve nove
filhos, todos nascidos no Brejo da Madre de Deus, de parto normal e em casa. As
parteiras que ajudaram nos partos foram “Mãe Aguinha” e Dona Carmelita, além de
uma enfermeira que ajudou no parto de José Wilson. Os médicos, Dr. José Carlos
de Santana e Dr. Rui Uchoa Cavalcante, cada um no seu tempo, chegavam depois do
parto realizado para examinar o recém-nascido e ver como passava a Sra.
Terezinha.
Seus 9 filhos são: Pedro Paulo, Roseana Maria, Antônio
Leonardo, Janice, Hamilton, José Wilson, Djair, Maria Teresa e José.
Mário Falcão foi alfaiate de cuja profissão se
orgulhava muito, pelas roupas masculinas impecáveis que cortava e costurava. Aprendeu o ofício de um professor contratado pelo seu pai
para ensinar-lhe durante um mês. Em uma semana, aprendeu tudo o que o professor
de Corte e Costura tinha para ensinar-lhe.
Ele trabalhou na Alfaiataria que era vizinha à loja de
tecidos do seu pai, na Praça Agnelo Campos. E também trabalhou como alfaiate no
Recife, no Novo Continente.
Foi dono do Cinema Carlos Gomes por mais de vinte anos.
Apaixonado por cinema, desde criança, quando fazia os cartazes publicitários
dos filmes e assim entrava gratuitamente para assistir aos filmes. E quando se
tornou adulto, comprou o Cinema ao Sr. Joaquim Herculano.
Os filhos herdaram do pai o amor pelo cinema e Pedro, o
mais velho, foi aos poucos, dividindo com ele a responsabilidade pelo
funcionamento do Cinema; os mais novos, e também a esposa, ajudavam na
portaria. Quem projetava o filme era Mário Falcão.
O Cinema ficava ao lado da Igreja do Bom Conselho, na Rua
Joaquim Nabuco Nº 03.
E nas festas de fim de ano, funcionava a noite inteira. Era
uma festa para a família que praticamente se mudava para o Cinema. Lá era
preparada a mesa com pasteis de bacalhau, sonhos, bolo, feitos por Dona
Terezinha; sequilhos e bolinhos de goma, feitos por Dona Felícia; e lá também
dormiam todos, num ambiente que havia contíguo à sala de projeção.
Mário Falcão foi eleito vereador em quatro mandatos, foi
Presidente da Câmara de Vereadores e Prefeito da sua terra. Saiu candidato a
prefeito por escolha do Sr. Epaminondas Mendonça, líder político da região, pai
do Sr. Paulo Lucena de Mendonça, prefeito a quem Mário sucedeu.
Para as despesas da campanha política vendeu uma casa que
recebera de presente das tias , que era localizada na Rua Dr. José Mariano,
onde hoje está situado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Foi eleito Prefeito em 1968, com a maioria absoluta dos
votos. Teve 2.539 votos e o Sr. José Cirilo, com quem disputou a eleição, teve
774 votos. Seu Vice-prefeito foi Jerônimo César.
Entre as suas principais realizações:
Inaugurou a Unidade de Saúde Dr. José Carlos de Santana; o
Serviço de Abastecimento d’água da cidade; construiu várias escolas na zona
rural do município e o Colégio André Cordeiro.
Deu prioridade à Educação e considerava o André Cordeiro a
sua maior obra, a mais importante; construído com recursos do município é fruto
da sua determinação de querer fazer mais pela educação.
Foi ao Recife falar com o então Governador do Estado, o Dr.
Nilo Coelho para pedir uma planta (Projeto) para um colégio com dez salas de
aula. O Governador o encaminha para o Secretário de Educação, Dr. Roberto
Magalhães, que lhe diz não ter, pois “... um colégio desse tamanho custa muito
dinheiro... o Estado também não dispõe de recursos financeiros para tanto.” O
Prefeito Mário Falcão lhe diz: O dinheiro para a construção, o Município tem!
O Município tinha ações da Petrobrás que foram vendidas com
a aprovação da Câmara de Vereadores, e assim, o Colégio foi construído sem
receber um centavo do Governo do Estado, nem do Governo Federal. Um Colégio
Municipal!
Durante a construção do Colégio, que durou menos de dois
anos, a obra foi fiscalizada diariamente pelo então Prefeito Mário Falcão que
tinha por aquela obra uma atenção especial.
Ainda durante a construção do Colégio, quando o Governador
Dr. Nilo Coelho passava nas imediações do Brejo rumo à sua Fazenda, parava
sempre para admirar a obra, tão grande, e construída com recursos municipais! E
dizia ao mestre de obras o Sr. Oscar, “diga ao Prefeito que passei aqui para
admirar o colégio”.
A planta para a construção do colégio, fornecida pelo
Secretário de Educação, foi adaptada às condições do terreno por um técnico de
Caruaru e pelo próprio Mário Falcão que sempre gostou de desenhar. Acredito que
se tivesse feito um curso de nível superior, Mário Falcão teria sido um
arquiteto ou um engenheiro civil, tal a facilidade com a qual domina assuntos
relativos a essas áreas técnicas.
O então Senador da República, brejense ilustre, Wilson de
Queiroz Campos, destinou verbas para a compra dos instrumentos da Banda Marcial
e para pagamento aos professores do Colégio, no seu primeiro ano de
funcionamento.
Durante o seu mandato de Prefeito, trabalhou pelo município
com o apoio do promotor Público, Dr. Abel Cavalcante do Amaral, brejense; do
juiz da Comarca, Dr. Leonísio Lopes; do Padre Cônego Antônio Duarte, todos
residentes no Brejo. Estavam sempre juntos nos eventos.
Quando terminou o seu mandato de Prefeito, continuou com o
seu Cinema, trabalhando com os filhos e o irmão Nelson.
Com a aprovação, no vestibular de Engenharia Civil/UFPE, da
sua filha Roseana, resolveu vir embora para o Recife. Precisava educar a sua
numerosa família e procurar oportunidade de trabalho para todos.
No dia 21 de janeiro de 1975 saiu do Brejo para morar no
Recife. Não possuía carro, e o médico Dr. Rui Uchoa Cavalcanti foi quem cedeu o
seu carro para transportar a sua família, enquanto o Sr. Avelino, casado com
Dona Cotinha, foi quem trouxe a mudança.
Foi morar numa casa alugada, na Rua Paes Cabral Nº 125 no
Bairro do Cordeiro, próxima a Av. Caxangá.
Ajudado pelos irmãos
Zezito e Erasmo, comprou uma concessão de Loteria da Caixa Econômica Federal.
Funcionava a Loteria na Rua da Guia, Bairro do Recife Antigo e lá começou a
trabalhar com o filho mais velho Pedro Paulo.
Continuou com o Cinema, no Brejo, para onde ia de ônibus,
nos finais de semana, com o filho Pedro Paulo, para exibir filmes, mas depois
que sofreu a cheia de 75 (uma enchente do rio Capibaribe que alagou o Recife
quase todo), vendeu o Cinema e ficou só com a Loteria.
Ajudado pelo filho, Pedro, conseguiu colocar a Loteria em
posição de destaque, chegando a ser a quarta loteria em arrecadação no Estado
de Pernambuco. Para isso acontecer, trabalharam muito. Saíam cedo de casa e só
voltavam à noite. Sua esposa Terezinha, nos dias de maior movimento na Loteria,
geralmente às sextas feiras, levava o almoço para que eles não precisassem sair
da Loteria para se alimentar; ela pegava o ônibus Tabatinga na Av.
Caxangá.
Mário Falcão saiu do Brejo, mas nunca ausentou
completamente, porque nunca esqueceu da sua terra natal. Mantinha a sua casa,
na Av. Cleto Campelo, Nº 303 para onde gostava de ir, sempre que possível. Não
perdia uma festa do padroeiro da cidade. A respeito da casa, certa vez, pensou
em vender, para comprar uma no Recife, mas sua esposa não concordou.
Em 1992 fez campanha política para o seu filho Hamilton que
se elegeu vereador no Brejo, e sempre apoiou candidatos que tinham compromisso
com o Brejo.
Não deixava de votar quando tinha eleição, mesmo que lhe seja facultado votar, e fazia campanha para seus candidatos com argumentos convincentes.
Não deixava de votar quando tinha eleição, mesmo que lhe seja facultado votar, e fazia campanha para seus candidatos com argumentos convincentes.
No ano de 1998, com a saúde debilitada pela diabetes, pois
ficou diabético aos quarenta anos de idade, transferiu a Loteria para Roseana e
Zé Mário, mas continuou, ainda por um bom tempo, trabalhando lá.
Sua família cresceu e ele tinha além da esposa e dos nove
filhos, seis noras, um genro, 17 netos e três bisnetos. E chegou aos seus vividos
94 anos de idade, e morava com a esposa, as filhas Jane e Roseana.
Mário Falcão, um homem simples, mas refinado, inteligente,
educado, atencioso, habilidoso, bem-humorado, amigo, trabalhador (nunca tirou
férias), honesto, um homem de caráter! Um
homem dedicado à família, sua maior riqueza! Um homem feliz e realizado! Um
sábio!
Foto do casamento de Mário Falcão com Terezinha barros falcão realizado em 24/09/1953 na casa dos pais da noiva.
Foto do Cinema Carlos Gomes, junto com o seu irmão Nelson e
o filho Pedro
Mário Falcão quando foi vereador do Brejo da Madre de Deus
Mário Falcão quando foi prefeito do Brejo
Mário Falcão no dia da sua
posse como prefeito do Brejo com o seu pai Gustavo Marinho Falcão e seus
irmãos.
Prefeito Mário Falcão inaugurando
a Escola José Batista Sobrinho no Sítio Juá.
O prefeito Mário Falcão
fazendo a abertura da 1ª Feira de Gado em Brejo, realizada na sua
administração, com o objetivo de mostrar o potencial do município para a
realização de negócios, e assim atrair a instalação de agência bancária.
O prefeito Mário Falcão com o
governador de Pernambuco, DR. Eraldo Gueiros, e o senador Wilson Campos os
quais sempre prestigiaram suas ações como prefeito.
O prefeito Mário Falcão e o
seu amigo de infância, o então senador Wilson Campos.
O prefeito Mário Falcão inaugura
a Unidade Mista Dr. José Carlos de Santana – a maternidade.
Inauguração do serviço de abastecimento de água
da cidade com a presença do governador do estado, Dr. Nilo de Souza Coelho, em
28 de março de 1970.
Inauguração de iluminação pública
Inauguração do Colégio Municipal
André Cordeiro, seu maior legado!
Registros fotográficos da
inauguração do Colégio Municipal André Cordeiro reunidos em um banner, o qual
foi doado ao André cordeiro, na comemoração dos seus 40 anos, pelos filhos e
filhas de Mário Falcão.
Registro da presença do ex-prefeito Mário Falcão,
da ex-diretora do André Cordeiro, professora Leonor Falcão e da ex-secretária
do André Cordeiro, professora Erundina Pereira Barros, na comemoração dos 40
anos do André Cordeiro.
Do Estação Notícias