Manancial só
voltará a acumular água se ocorrer grande concentração pluviométrica na bacia
do Capibaribe
A região de influência da Barragem de Jucazinho,
localizada no município de Surubim, no Agreste, não recebeu chuvas suficientes
para alterar o quadro do maior reservatório para abastecimento humano operado
em Pernambuco, que continua seca. A barragem está situada na região que possui
o pior balanço hídrico do Brasil e não resistiu à estiagem extrema por sete
anos consecutivos, entrando em colapso em setembro do ano passado.
Ao contrário
de outras barragens do Agreste, Jucazinho ainda não conseguiu se recuperar e
atravessa o pior cenário desde a sua inauguração, em 2000. Segundo a
Agência Pernambucana de Águas e Clima - Apac, no estado de Pernambuco ocorre
uma má distribuição espacial das chuvas, ou seja, há regiões que há grande
concentração pluviométrica e, em outras não chove quase nada.
Ainda de acordo com a Apac, agora em agosto as chuvas
começam a ficar mais fracas no Agreste e terão uma duração mais curta, de
poucos minutos.
"Na região da barragem é esperado que chova em torno
de 80 milímetros, mas como este volume de precipitação geralmente não é
concentrado, não deve contribuir significativamente para acumular água em
Jucazinho. A partir de setembro, o volume de chuvas cai drasticamente, a média
mensal histórica de precipitação é em torno de 25 a 30 milímetros de
chuvas", explica o meteorologista da Apac, Roberto Carlos Pereira.
A última vez que a Barragem de Jucazinho sangrou foi em
setembro de 2011. De acordo ainda com a Apac, para reverter essa situação,
seria preciso ocorrer fortes chuvas nos municípios da bacia do Rio
Capibaribe - como Jataúba, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe,
Taquaritinga do Norte, Vertentes, Frei Miguelinho e Riacho das Almas
- chuvas tão intensas (e concentradas em um ou poucos dias) como as
registradas em julho deste ano, na Zona da Mata Sul.
A solução encontrada pelo Governo do estado e Compesa para
regularizar o abastecimento de água nas 68 cidades da região foi a Adutora
do Agreste, a maior obra estruturadora em Pernambuco para receber as águas da
Transposição do Rio São Francisco. Mas para antecipar o uso das tubulações
já assentadas da adutora, outras obras foram pensadas para garantir a
sustentabilidade hídrica da região: a Adutora do Moxotó, Poços de Tupanatinga,
Adutora do Alto Capibaribe e a Adutora de Serro Azul, essas duas últimas ainda
não foram iniciadas. "Infelizmente não choveu na região da Barragem
de Jucazinho como a gente esperava, por isso, a companhia está desenvolvendo
projetos estruturadores para atender a região Agreste. Um deles é
o Sistema Siriji que já entrou em operação e está abastecendo João
Alfredo, Orobó, Bom Jardim e Surubim e também as cidades do Agreste
Setentrional: Casinhas, Santa Maria do Cambucá, Vertente do Lério, Frei
Miguelinho e Vertentes", informa o diretor Regional do Interior da
Compesa, Marconi de Azevedo.
Com o colapso de Jucazinho, algumas cidades atendidas por
este sistema passaram a ser abastecidas por outras fontes de água, como
Caruaru, Gravatá e Bezerros. Para melhorar o fornecimento de água para Caruaru
e outras cidades da região, como Santa Cruz do Capibaribe, a companhia está
realizando uma obra para ampliar as estações de bombeamento do Sistema do
Prata/ Pirangi, que vai aumentar a capacidade de transporte de água do
sistema. No caso de Toritama, essa obra vai possibilitar a retirada da
população da cidade do colapso - a previsão é que Toritama volte a ser
abastecida pela rede ainda no mês de agosto. Já para as cidades de Riacho das
Almas, Cumaru, Passira e Salgadinho, que estão sendo atendidas exclusivamente
por carros-pipa, o retorno do abastecimento nessas cidades será viabilizado com
a construção de uma unidade de bombeamento na Estação de Tratamento de Água (ETA)
do Salgado (ETA), em Caruaru, que vai possibilitar a inversão do sistema - que
antes vinha de Jucazinho para Caruaru - para retornar o caminho da adutora
levando água do Sistema Prata/ Pirangi para essas quatro cidades.
Do
Estação Notícias / Assessoria