terça-feira, 31 de maio de 2022

Tragédia provocada por chuvas e deslizamento de barreiras é o maior desastre de Pernambuco do século 21, dizem especialistas

A tragédia provocada pelas fortes chuvas e pelos deslizamentos de barreiras que deixaram, ao menos, 93 mortos no Grande Recife e mais de 6 mil desabrigados se tornou o maior desastre já registrado em Pernambuco no século 21, segundo especialistas.

"Pode até superar as mortes de 1975", destaca o geógrafo e professor do departamento de Ciências Geográficas e do programa de Pós-Graduação da UFPE, Osvaldo Girão, se referindo à cheia histórica por que passou a capital pernambucana.

De fato, Recife esteve submerso em 1975. A histórica cheia motivou 107 mortes e teve todos os serviços paralisados, quando mais da metade da cidade ficou sem energia elétrica.

Agora, mesmo quatro décadas depois, a tragédia em meio às fortes chuvas deixa pelo menos 93 mortos - com mais de 20 pessoas ainda desaparecidas - e uma dor imensurável, sepultada debaixo da lama que cobre alguns municípios da capital pernambucana. Transformou-se no maior desastre registrado no Grande Recife neste século 21.

"Depois de 1975, essa é a maior tragédia daqui", reforça o historiador Leonardo Dantas, que era repórter naquela época e viu a água subir também para dentro da própria casa.

As comparações são inevitáveis. Em 1975, o Recife estava com 80% do território habitado alagado. Foram cinco dias de prejuízos - com os hospitais funcionando à luz de velas e o transporte pelos bairros sendo improvisado em botes e barcos.

A principal diferença em relação a 1975, contudo, está na causa da morte das vítimas. É o que destaca o geógrafo e professor Osvaldo Girão.

"Em 1975, muita gente morreu por problemas cardíacos, por contaminação de água e principalmente por afogamento. Agora, temos metade ou mais só por movimento de massa. A morte está relacionada com os morros e encostas", explica.

Fonte: g1