quarta-feira, 14 de maio de 2025

Motorista embriagado é preso conduzindo ambulância com 15 atletas de um time de vôlei

O condutor da ambulância que virou “ônibus clandestino” foi flagrado em uma blitz com taxa de álcool três vezes acima do limite
Uma cena estarrecedora foi flagrada pela Operação Zero Álcool na noite de terça-feira (13) no bairro Mãe Luíza, em Natal, no Rio Grande do Norte, onde uma ambulância, que deveria ser destinada ao transporte de pacientes em situações de emergência, circulava abarrotada com 15 jogadores de um time de vôlei amador da Paraíba, incluindo quatro adolescentes, sob a direção de um motorista visivelmente embriagado.

O teste do etilômetro aplicado pelos agentes do Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE) acusou a presença de 1.03 mg/L de álcool no ar alveolar do condutor - índice que supera em mais de três vezes o limite legal de 0,34 mg/L estabelecido pelo Código de Trânsito Brasileiro. "Além do risco óbvio de dirigir alcoolizado, o motorista transformou um veículo de salvamento em transporte irregular, colocando em perigo a vida de todos os ocupantes", denunciou o Major César Fagundes, que coordenou a ação.

A investigação revelou detalhes ainda mais preocupantes:

·         O veículo, com placa da Paraíba, estava com o licenciamento atrasado

·         A ambulância foi improvisada como meio de transporte para um torneio esportivo

·         Quatro dos atletas transportados eram menores de idade

·         O prefeito de Boqueirão, cidade onde o veículo estaria registrado, negou qualquer vínculo com a frota municipal

Enquanto o motorista de 47 anos foi levado para a Central de Flagrantes, onde responderá por crime de trânsito, os jovens atletas tiveram que aguardar por horas até que outro transporte fosse providenciado para levá-los de volta à Paraíba. "É inacreditável que um equipamento público destinado a salvar vidas tenha sido usado dessa forma irresponsável", comentou uma das testemunhas que presenciou a abordagem.

Especialistas em gestão pública alertam que situações como esta representam não apenas uma infração de trânsito, mas um desvio de finalidade de equipamento adquirido com recursos públicos. "Ambulâncias são veículos especiais com manutenção custeada pelo erário. Seu uso para fins particulares configura má utilização do patrimônio público", explica o professor de Direito Administrativo Carlos Augusto.

A Polícia Civil abriu investigação para apurar a origem da ambulância e possíveis responsabilidades administrativas. Enquanto isso, o caso serve como alerta para a necessidade de reforçar os mecanismos de controle sobre o uso de veículos oficiais em todo o país.