O episódio de um grupo de alunos de uma escola no Recife
(PE) atendidos com sintomas de crises de ansiedade chamou a atenção
para o fenômeno, cada vez mais comum. (relembre aqui) Segundo a Organização
Mundial da Saúde, o Brasil é o país com o maior índice
de incidência dessa síndrome, com 9,3% da população.
Os estudantes apresentavam sintomas de crise de
ansiedade, como falta de ar e taquicardia. Os alunos da Escola
de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães receberam o atendimento dos
profissionais do Samu. Segundo a Secretaria de Educação e Esportes de
Pernambuco, eles não foram encaminhados a hospitais.
Segundo o psiquiatra e professor da
Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, Raphael Boechat, crises
de ansiedade não são necessariamente sinônimos de doenças. O episódio é um
mecanismo de defesa utilizado pelas pessoas diante de algum perigo iminente.
A reação pode acontecer em decorrência de um perigo
real, como a presença de um agressor ou uma situação de estresse,
ou de uma preocupação com riscos imaginários, como o medo de um ataque.
Contudo, a síndrome de ansiedade pode evoluir para uma
doença. Isso ocorre, explica Boechat, quando essas situações passam a ser
frequentes e ter sua intensidade aumentada. Outro sintoma de que o quadro
evoluiu para uma situação mais grave é a ocorrência de crises sem um motivo
desencadeador.
Segundo o psiquiatra, as causas desse tipo de síndrome são
diversas. “Normalmente são causas diversas. Elas incluem estresse do ambiente,
privação de sono e uso de substâncias estimulantes como cafeína, energéticos,
bebidas alcóolicas, drogas ilícitas como cocaína”, afirma o profissional.
Segundo o professor da UnB, também podem existir motivos de
natureza genética. “Um aspecto muito importante é a questão ambiental. O
estresse dos tempos modernos influencia no surgimento de diferentes tipos de
ansiedade”, acrescenta.
Eventuais tratamentos dependem do tipo de ansiedade de cada
pessoa. Raphael Boechat argumenta que, em casos isolados, pode não haver
necessidade. Contudo, se os episódios ganham uma frequência, é importante
buscar ajuda profissional.
De acordo com o psiquiatra, existem diferentes tipos
de tratamentos, de naturezas psicoterápicas, farmacológicas ou
de alteração de estilo de vida. Ele alerta que embora haja no senso comum
uma associação a remédios fortes para esses casos, esse não é o único caminho.
“Um bom tratamento não envolve esses produtos, na maioria
dos casos. Mas deve ser tratado, porque se não houver tratamento o caso começa
a se agravar, a pessoa pode evitar convívio social e pode desenvolver quadros
depressivos”, destaca.
Fonte: Jornal do Commercio