No primeiro domingo (3) após o início ações de
policiamento e a reabertura de parte do comércio e passeios turísticos no
distrito de Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco, o
movimento de moradores e turistas nas ruas voltou a transcorrer com
tranquilidade, em meio à presença ostensiva do policiamento.
Desde a última quinta-feira (31), os três dias de
protestos de populares em razão da morte da menina Heloysa Gabrielly, de 6
anos, vítima de um tiro no terraço da casa da avó, somado ao clima de
insegurança e relatos de criminalidade, deixaram ruas desertas e causaram o
fechamento do comércio em Porto de Galinhas, que só viria a reabrir neste
sábado (2).
O casal de aposentados do Rio Grande do Sul Heloísa Rosa,
83, e Rubem Rosa, 80, chegaram a Porto de Galinhas na quinta-feira (31), em
meio aos protestos e o que era para ser uma viagem de férias se transformou em
um pesadelo. “Nós ficamos parados mais de uma hora dentro de um táxi na saída
de Porto (de Galinhas). No outro dia, conseguimos sair e nos deslocamos para
Carneiros. Na volta, ficamos de 16h até as 22h em um posto de gasolina onde
tivemos banheiro água e alimentação, pois não estavam permitindo passagem e
todas as entradas e saídas estavam bloqueadas”, relatou Heloísa.
Desde que chegaram, este domingo foi a primeira vez que
o casal conseguiu sair do hotel e ir à praia. “Agora parece que está bem
melhor, apesar disso ainda estamos bem assustados”, disse Rubens.
Neste domingo (3), o clima já era diferente. Com turistas
voltando à praia, comerciantes puderam correr atrás do prejuízo pelos dias de
vendas suspensas. Ambulantes, vendedores, fotógrafos de turismo, jangadeiros e
bugueiros disputavam a atenção dos fregueses.
Nem todas as lojas abriram as portas neste domingo. Algumas
delas estavam fechadas e com cartazes cobrando justiça pela morte da menina
Heloísa. A rua Beijupirá, que costuma receber muito movimento aos finais de
semana, estava vazia, com galerias, restaurantes e lojas fechadas.
A comerciante Ana Tereza, 57 anos, disse que o movimento do
comércio, mesmo abaixo do esperado, trouxe esperança de retomar a
normalidade. “Melhorou, né? A gente passou dois dias sem trabalhar e ficou
meio difícil. Mas graças a Deus, voltou ao normal e espero que dê tudo certo de
agora em diante”, disse.
Policiamento ostensivo
Mais de 250 policiais civis e militares foram destacados
para garantir a segurança em Porto de Galinhas. Neste sábado, o governador
Paulo Câmara (PSB) anunciou a instalação do centro de comando e controle
avançado na Secretaria de Defesa Social de Ipojuca. Segundo a Prefeitura, a
estrutura cedida ao Estado conta com 129 câmeras de monitoramento.
Entenda o caso
A morte de Heloysa, 6 anos, provocou a revolta da população.
Segundo o Portal G1, fontes da Polícia Civil dizem que a atuação de um grupo
criminoso que controla o tráfico de drogas na região mobilizou a operação nas
comunidades de Salinas, em que Heloysa morreu, e em Socó e Pantanal, nas mesmas
redondezas.
Na ação em que a menina morreu, segundo a PM, o Batalhão de
Operações Especiais (Bope) reagiu a disparos que teriam sido feitos por
criminosos. A população contesta essa versão.
Fonte: Folha de Pernambuco