O Bairro do Recife, um dos sítios históricos mais antigos da
capital, foi reconhecido como um local de maior achado arqueológico urbano do
Brasil, a partir de análises da Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE). Os estudos revisitam as primeiras ocupações do povoamento da urbe,
ainda no século XVI. A Prefeitura do Recife já estuda transformar o local em um
parque arqueológico, para que a população e turistas possam conhecer, também,
um pouco do passado da cidade.
"A gente está aqui na comunidade do Pilar, numa ação da
Prefeitura. Aqui está prevista a construção de alguns habitacionais. No momento
em que a gente estava fazendo as escavações, a gente encontrou alguns achados
arqueológicos. Com isso, a Universidade Federal Rural de Pernambuco foi chamada
para participar do projeto, foram feitas várias escavações e aqui foi
encontrado talvez um dos maiores achados arqueológicos em áreas urbanas do
Brasil. São mais de 100 ossadas, também foram encontrados um antigo cemitério e
um antigo forte que remetem ao século XVII, construção de, aproximadamente, ano
1630. Certamente foi um espaço construído pelos portugueses para fazer a
resistência contra os holandeses”. “Devido a esse achado, a gente está agora
formando um grupo de estudos na Prefeitura, com Instituto Pelópidas Silveira, a
URB e a secretaria de Infraestrutura para poder definir quais serão os próximos
passos. A gente está diante de um grande achado arqueológico e lógico que a
gente vai preservar esse material, preservar essa área e construir novas
alternativas para as habitações aqui planejadas", detalhou João Campos.
O trabalho de pesquisa e mapeamento foi realizado pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco, por meio da Fundação Apolônio Salles
de Desenvolvimento, entre os anos 2014 até 2020, e contabilizou cerca de 40 mil
fragmentos entre cerâmicas, peças de jogos, tijolo holandês, garrafas de
bebidas, perfume, remédio, moedas, bala de canhão, escova de dente e ossadas.
Durante a investigação, os pesquisadores também descobriram alguns vestígios do
Forte de São Jorge sob a Igreja do Pilar e, ainda na fase de pesquisa, foram
constatadas algumas obras do século XVI, como a ocupação de casas e
armazéns.
O local também abriga vestígios de um cemitério. Para os
estudiosos que estão à frente do trabalho esse pode ser o maior cemitério
arqueológico já encontrado no Brasil. A área conta com uma estrutura que dispõe
de enterramentos articulados, no qual é possível recontar a história a partir
dos seus achados. Mais de 100 ossadas humanas já foram encontradas nessa área e
estão em estudos na UFRPE. Há indícios de que pessoas mortas na guerra e
vítimas de doenças, como a cólera e gripe espanhola, que matou mais de quatro
mil recifenses, entre os séculos de XVI ao XX, possam ter sido colocadas no
cemitério.
Do Estação Notícias / Diario de Pernambuco