Com mais de 70% da população tendo recebido, pelo menos, a
primeira dose da vacina contra a Covid-19, alguns especialistas dizem que o
país está atingindo a chamada imunidade de rebanho, ou seja, uma situação em
que, devido ao alto número de pessoas imunizadas, a cadeia de transmissão da
doença é interrompida. No entanto, hoje, no Brasil, circulam pelo menos cinco
variantes do novo coronavírus, o que dificulta a avaliação sobre o grau de
proteção alcançado pelos brasileiros.
O conceito de imunidade coletiva, ou imunidade de rebanho,
se destacou em função da pandemia. Esta imunidade, ou resistência à infecção,
pode ser adquirida pelos indivíduos que se recuperaram após sofrer a doença ou
que foram vacinados. O infectologista Claudilson Bastos diz que a imunidade de
rebanho é o que o mundo espera com a vacinação em massa. “Na realidade, ao
atingirmos 80% das pessoas totalmente imunizadas, teremos uma maior segurança
quanto à transmissão”, afirma.
Atualmente, mais de 144 milhões de brasileiros, o equivalente
a mais de 67% da população, receberam, pelo menos, a 1ª dose da vacina. Outros
86 milhões de pessoas, ou 39%, já estão totalmente imunizadas com duas doses ou
dose única.
No Brasil, a pandemia da Covid-19 foi agravada por diversas
variantes do novo coronavírus: Alfa, Beta, Delta, Gama e Mu. Quanto mais o
vírus tende a se propagar, maiores são as possibilidades de ocorrerem mutações.
A maioria, porém, tem efeitos mínimos. Quando a mutação traz características
definitivas para o vírus, e permite que se reproduza, nasce uma variante.
Algumas das que circulam no Brasil, como a Delta, trazem preocupação por ter
uma capacidade maior de transmitissão.
O infectologista José David Urbaez, do Laboratório Exame,
avalia que ainda é cedo para se afirmar sem hesitação que o país chegou à
imunidade de rebanho. “É uma questão para se ter muita cautela. Entretanto, a
gigantesca transmissão que assolou o país, e que ainda continua acontecendo com
menor intensidade, certamente conferiu imunidade por infecção natural em
grandes grupos populacionais”, comenta.
“Uma grande parte da população com imunidade por infecção
natural deve estar chegando ao limite dessa proteção, podendo ocorrer novamente
um recrudescimento da doença, ainda mais com a presença da variante Delta.
Assim, ainda estamos em uma situação muito frágil”, explica Urbaez.
Para o infectologista Igor Thiago Queiroz, do Hospital
Giselda Trigueiro, em Natal, com quase 40% da população totalmente vacinada, e
com o adoecimento de muitas pessoas, de forma sintomática ou assintomática, se
espera que a imunidade possa já ter sido alcançada. “O problema é que a
proteção que você tinha para o vírus original, atualmente com as variantes, é menor.
Essa imunidade coletiva pode ser prejudicada porque vão ocorrendo mutações do
vírus que conseguem escapar do sistema imunológico”, explica.
Do Estação Notícias / Diario de PE