O governo brasileiro confirmou à OMS (Organização Mundial
da Saúde) que participará da aliança mundial de vacinas contra a covid-19. Mas
irá manter flexibilidade para ajustar seu engajamento com os acordos bilaterais
que já fechou com multinacionais do setor farmacêutico.
Brasília se compromete a fazer parte do consórcio
internacional da agência, solicitando produtos para imunizar 20% da população
do país, mais de 40 milhões de pessoas. A OMS havia permitido que governos
solicitassem doses para cobrir até 50% de sua população.
Para atingir a proporção solicitada pelo país, o
investimento terá de ser de mais de R$ 4 bilhões. Tal percentual cobriria
profissionais de saúde, idosos e doentes crônicos.
Por enquanto, o acordo não é vinculante e, se nas próximas
semanas não houver um acordo sobre o pagamento e condições, o governo ainda
pode desistir do projeto.
No documento brasileiro, o governo afirma: "Declaramos
por este meio nosso interesse inicial e não-vinculativo em aderir [ao
consórcio]. Queremos adquirir, opções suficientes para cobrir 20% de nossa
população", diz. "Entendemos que, embora nós poderíamos solicitar
doses para mais de 20% de nossa população, não receberemos doses de vacinas
para cobrir mais de 20% de nossa população", completou.
Vacina deve ter custo para o governo de R$ 55 a
dose
A OMS e entidades internacionais criaram o sistema e, conforme
a coluna revelou com exclusividade há uma semana, estabeleceu um preço de US$
10 por dose, cerca de R$ 55. A estimativa é de que uma imunização exigirá duas
doses da vacina.
O valor é significativamente mais baixo do que empresas de
ponta anunciaram nos últimos meses. A vantagem da aliança é sua capacidade de
negociar um desconto importante com empresas, já que oferece em troca uma
garantia de compras de bilhões de doses.
Ainda que o valor continue sendo elevado, fontes na OMS
indicam que o custo é bem inferior a alguns dos acordos sendo fechados entre
governos e empresas. A norte-americana Moderna Inc., por exemplo, estaria
projetando um preço entre US$ 32 e US$ 37 por dose.
A OMS havia dado até esta segunda-feira para que os
governos confirmassem o interesse no esquema. Cerca de 90 países mais pobres do
mundo receberiam gratuitamente o produto. Mas o Brasil não faz parte desse
grupo, já que é considerado como uma economia de renda média. Assim, o governo
terá de pagar para ter acesso à vacina.
Do Estação Notícias / Fonte: Uol