quinta-feira, 30 de julho de 2020

Professor de Tacaimbó leva atividades nas casas dos alunos que não têm internet

O esforço do professor de 60 anos é reconhecido pelos alunos que, mesmo com dificuldades, mostram avanço no aprendizado

Por conta da necessidade de isolamento social para evitar a infecção pelo novo coronavírus, a Secretaria de Educação de Tacaimbó, no Agreste de Pernambuco, orientou que as aulas fossem ministradas online. No entanto, nem todos os estudantes da zona rural da cidade tinham acesso à internet. Preocupado com a situação das crianças, um professor da rede municipal achou uma solução para que os estudantes não fossem prejudicados durante a pandemia: ele vai de casa em casa entregar as atividades em mãos.

O professor José Jovino da Silva, de 60 anos, dedicou mais de 30 anos a ensinar. Na Escola Professora Porfiria de Araújo, onde foi incentivado por uma professora, quando criança, a fazer o magistério, hoje ele também tenta fazer a diferença na vida de outros alunos.

A Escola Professora Porfiria de Araújo está localizada na Zona Rural de Tacaimbó. A pandemia dificultou ainda mais o ensino das crianças. “A secretaria me comunicou que eu ia trabalhar online com os meninos. Aí eu falei ‘aqui na zona rural não tem internet. Só quatro casas têm. São 14 casas. E as outras dez?’. Aí eu falei ‘faz o seguinte: eu tenho a impressora da Escola Maria José, tenho também o notebook, a gente imprime e eu entrego as atividades nas casas dos meninos’”, detalhou o professor.

Retorno dos alunos 
Professor vai de motocicleta até a casa dos alunos

Numa motocicleta, o professor José Jovino vai de casa em casa todo início de semana para entregar as atividades aos alunos e recolher as que foram feitas. “Com oito dias eu recolho uma e entrego a outra. E eu tenho observado o interesse que os pais têm para resolver as atividades com os meninos”, comentou.

Um desses alunos é Vitor Samuel, de 5 anos. O garoto recebe as atividades do professor e consegue dar continuidade ao seu aprendizado. “Gosto do professor porque ele me ensinou o nome”, contou o menino.

A agricultora Adilma Quitéria fala da importância do gesto do professor. “Para mim é muita coisa. Os meninos vão desenvolvendo mais um pouco. Se ficar parado é pior”, disse.

O professor José Jovino diz que, mesmo com dificuldades, as crianças estão evoluindo. “O desempenho está bom. Quando eu passo nas casas, eu tiro foto deles lendo. Eu tenho notado que a aprendizagem está indo”, falou.  

Do Estação Notícias / Rádio Jornal