A menina
de 12 anos corria risco de vida em razão do ambiente poluído, afirma MPF
Uma ação dos Ministérios Públicos estadual e federal em
Pernambuco flagrou anteontem famílias morando em situação degradante no lixão
de Floresta, no Sertão. Uma menina de 12 anos que havia passado por uma
cirurgia cardíaca recente no Recife foi retirada do local.
A pouco mais de 400 quilômetros da capital, a cidade de Floresta
é ponto de partida de um dos canais da transposição do rio São Francisco. As
famílias vivem da venda de material reciclável recolhido no local.
A garota resgatada morava com a família em uma habitação
feita de papelão e foi encaminhada no mesmo dia para o hospital da cidade.
Segundo o MPF, a criança "corria risco de vida em
razão do ambiente poluído em que se encontrava, contrariando a recomendação
médica para o pós-operatório."
A equipe da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) da
bacia do rio São Francisco entrou em contato com o prefeito da cidade, Ricardo
Ferraz (PRP), e com secretários municipais.
Eles foram cobrados por solucionar a situação. Foi sugerido
um levantamento sobre todos os moradores do lixão, além da adoção de medidas,
em caráter emergencial, para retirar todas as pessoas do local.
"Em seguida, o poder público deve auxiliá-los a formar
cooperativas para que eles desempenhem sua atividade profissional de forma
adequada, com o uso de equipamentos de segurança e inclusão na cadeia da coleta
seletiva, que ainda não existe em Floresta", pediu a FPI.
O MP de Pernambuco ainda pede a proibição do acesso e da
permanência das pessoas no lixão. "O terreno está muito degradado, e o
lixão, apesar de ser cercado, não tem controle de acesso", disse Maria do
Rosário Malheiros, coordenadora da equipe Saneamento e servidora do MP.
Ainda segundo a FPI, os gestores públicos que acompanharam
a visita se comprometeram a encaminhar, nos próximos dias, equipes do Centro de
Referência em Assistência Social e do Conselho Tutelar para avaliar a situação
das famílias e, em especial, das crianças.