Conheça as histórias e a luta que o levou a ganhar o
apelido de GPS humano.
Natural de Brejo da Madre de Deus, mais precisamente no distrito Barra de Farias, no Agreste de Pernambuco, José
Carneiro dos Santos, também conhecido como ‘Cobrinha ou GPS humano’, tem 65
anos, é o taxista dos sonhos de qualquer passageiro em Praia Grande, São Paulo.
Na profissão há 25 anos, ele tem mais de mil endereços na cidade guardados na
cabeça.
Conheça algumas histórias contadas por José Carneiro, o brejense
conhecido em Praia Grande por Cobrinha ou GPS humano, explica o que levou ele a
gravar todos esses nomes de ruas da cidade.
Muito bem-humorado, o GPS humano revela que decorar as
milhares de ruas e avenidas do município só foi possível depois de algumas
suspensões da associação de táxi em que trabalhava e uma lição de moral dada
por um turista de 10 anos de idade.
“Em 1981, um garoto de 10 anos pediu para leva-lo a um viaduto que eu não conhecia. Falei que aquilo não
existia. O menino ficou bravo e perguntou se eu era mesmo taxista, porque ele
era uma criança de fora e que sabia chegar nesse viaduto. Ele me guiou e aquilo
ficou atravessado em mim. No dia seguinte, peguei o caderno e anotei o nome de
todos os viadutos de Praia Grande”.
Numa outra oportunidade daquele mesmo ano, o GPS humano,
mais uma vez perdido com as ruas de Praia a Grande, foi chamado por um
motociclista para ajuda-lo em um endereço.
“Ele queria saber onde ficava a Rua João Ramalho no
Aviação, e respondi que era no Caiçara. Esse cabra foi ao Caiçara e não achou
nada. Ele voltou e me pegou no pulo. Falou que tinha sido enganado”.
Depois disso, José Carneiro (GPS humano) ainda foi chamado
de “lástima” pelo dono da associação de taxistas em que trabalhava por não
saber chegar nas ruas Xixová e Mascarenhas.
“Aí comecei a anotar tudo. Hoje,
das 1905 ruas de Praia Grande, conheço 1130. E tem umas com uns nomes bem
estranhos, como Rua Pargo Rosa, Pescada Amarela, Coragem e Onça Pintada”.
O mapa
da Cidade está registrado na mente do taxista, que é só risos.
O brejense Zé da Barra, campeão de um concurso de forró em
Praia Grande e viciado em rapadura, Cobrinha - apelido que ganhou por se mexer
demais enquanto dança - também tem muita história dentro do táxi. E um caso que
não esquece é o dia em que o passageiro reclamou da bandeira dois, cobrada dele
às 23 horas.
“O homem achou ruim ver a bandeira dois ligada. Perguntei
se ele nunca tinha andado de táxi e expliquei que era assim. Mas o cidadão
disse que não pagaria. Me irritei e falei que se tivesse que buscar o Zé da
Barra – um pedaço de ferro que deixava
no porta-malas batizado em homenagem ao distrito Barra do Farias, da cidade onde
ele nasceu, Brejo da Madre de Deus, no Agreste de Pernambuco – o passageiro
teria que pagar abandeira três.
Rapidinho o cabra acalmou e pagou sem falar mais nada”, conta gargalhando.
Dois
assaltos deixam o GPS humano bem chateado
Mesmo com o Zé da Barra no porta-malas, o GPS humano não
conseguiu evitar duas ações criminosas dentro do seu táxi. Em uma delas, ficou
chateado com o ladrão, que depois de tomar posse do seu dinheiro e de seus
bens, ainda o xingou.
“A corrida tava normal, mas, de repente, o cara anunciou o
assalto. Pediu dinheiro e celular. Antes de sair, pegou um maço de cigarros no
painel. Quando ele iria embora, pedi pra deixar um cigarrinho pra mim. Queria
fumar pra passar a raiva, né? O ladrão me olhou, tirou dois cigarros e falou
que eu era folgado. Ele tava me roubando e o folgado era eu. É mole?”
No outro roubo, o GPS humano demorou para perceber que
seria assaltado. Inclusive, chegou a brincar com o bandido.
“Ele entrou no carro dizendo que era para deixa-lo em casa
e me falou o endereço. Quando cheguei na rua, ele disse que não era ali. Andei
mais um pouco e ele dizia que não achava. Foi aí que falei: ‘Olha, já vi muita
coisa no táxi. Mas o cidadão que não sabe onde mora, é a primeira vez. Ele não
gostou e anunciou o assalto’. Me dei mal”
O senhor José Carneiro, o GPS humano, está com 66 anos, é aposentado e cata recicláveis para complementar a renda.
Confira uma fotografia tirada em 2016, quando José Carneiro veio pela última vez até Brejo da Madre de Deus, visitar a sua mãe.
Ao seu lado, Vanda Lúcia (irmã) e Adélia Virgínia (mãe).
O senhor José Carneiro, o GPS humano, está com 66 anos, é aposentado e cata recicláveis para complementar a renda.
Confira uma fotografia tirada em 2016, quando José Carneiro veio pela última vez até Brejo da Madre de Deus, visitar a sua mãe.
Ao seu lado, Vanda Lúcia (irmã) e Adélia Virgínia (mãe).
Do Estação Notícias / A Tribuna