“Você
está isolado e prestes a passar pelo constrangimento de um afastamento forçado”
CARTA
ABERTA AO PREFEITO
Primeiro: É importante salientar que não estou a procura de cargos na
Prefeitura, nem pra mim, nem, também, para os meus familiares.
Agora, vamos ao que realmente interessa.
Sempre vi em você uma pessoa digna, humilde, e, mais que
tudo, honesta.
Por esse motivo é que resolvi rabiscar essas simples
considerações pessoais, esse singelo ponto de vista.
Você foi eleito com uma votação consagradora, que refletiu,
naquele instante, um desejo latente na maioria da população do município, a
fuga da mesmice, da alternância nociva entre dois caciques no comando do
Executivo Municipal.
Criou-se uma expectativa imensa a respeito de sua atuação
como gestor dos destinos dessa terra.
Em pouco espaço de tempo você imprimiu uma marca pessoal
bastante positiva no seu jeito de governar.
Isso não durou muito tempo.
Os conchavos, a troca de favores e a concessão gratuita de
cargos minaram a máquina administrativa e lhe deixaram refém de repasses
federais corroídos por uma crise nacional sem precedentes, além de estarem
bastante comprometidos com parcelamentos aos quais você não deu causa.
Tudo isso corroeu a sua administração e lhe fragilizou aos
olhos dos fornecedores, e, mais que isso, aos olhos dos professores, dos
inativos, dos demais servidores, porque ninguém consegue apoiar por muito tempo
uma administração capenga, vacilante e omissa em relação aos seus compromissos,
que mente descaradamente e que vira as costas ao direito dos seus servidores.
Num cenário desses, os abutres, os aproveitadores de última
hora, deitam e rolam na intenção da satisfação de seus anseios nefastos.
Os sinais desse isolamento, a que estão lhe submetendo,
tornaram-se bastante visíveis quando do período eleitoral que passou.
Um verdadeiro samba do crioulo doido, um salve-se quem
puder.
Você já parou para refletir quantos ficaram
incondicionalmente do seu lado?
Já fez um levantamento de quantos fizeram corpo mole?
De quantos lhe traíram?
Já os identificou?
Por conta disso, o seu grupo dividiu-se, acabou por
completo.
Digo seu grupo, porque o Prefeito é você, quem manda, quem
comanda, é você.
É assim que funciona em qualquer parte do mundo.
Esse episódio da eleição da Câmara demonstra a toda
evidência tudo que estou tentando dizer neste momento.
Você está isolado e prestes a passar pelo constrangimento
de um afastamento forçado, tanto através da via judicial quanto por iniciativa
do Poder Legislativo local.
Argumentos, você sabe que existem. Força política, também. Então? Restam a você três opções, apenas:
A primeira: Esperar o que vai acontecer e ser afastado sumariamente do
cargo.
A segunda: Renunciar e entregar aos seus algozes um mandato
legitimamente conquistado.
A terceira: Sozinho, sem qualquer interferência, decidir governar, agir
como chefe e, mudar, mudar radicalmente tudo que vem acontecendo nesses dois
anos de seu mandato.
Essa mudança radical passa inapelavelmente por uma
moratória negociada com os credores, pela demissão ou exoneração em massa desse
grande contingente de apaniguados e indicados políticos de quem traiu a sua
confiança e, por último, e mais importante, pelo pagamento em dia a todos os
servidores, sejam eles inativos, pensionistas em atividade, além do respeito
aos direitos inerentes aos profissionais da educação.
Feito isso.
Você eliminará os traidores, retomará a confiança dos
servidores, além de salvar o seu mandato.
Só depende de você.
Do Estação Notícias (carta publicada no Facebook do senhor Ytagibe Pereira).