O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP),
condenado no processo do mensalão e na Operação Lava-Jato, teve sua demissão do
cargo de analista em gestão pública da Secretaria de Defesa Social (SDS)
publicada no Diário Oficial do estado no dia 9 do mês passado. Lotado no
Instituto de Medicina Legal (IML) desde junho de 1976, durante o governo de
Moura Cavalcanti, o médico Pedro da Silva Corrêa de Oliveira Andrade Neto já
estaria aposentado e seguia recebendo o salário mensal líquido de R$ 3.347,86.
Apesar de estar preso desde o ano de
2013, recebeu o pagamento no mês de fevereiro passado, conforme o Portal da
Transparência. Quando foi nomeado, através da portaria 386, de 4 de junho de
1976, o cargo que deveria ser ocupado pelo ex-deputado era o de médico
radiologista auxiliar. A publicação saiu no Diário Oficial do dia 10 de junho
de 1976.
A demissão de Pedro Corrêa, segundo
publicação do Diário Oficial, foi decorrente da prática da transgressão
disciplinar, tendo em vista a solicitação da Secretaria de Defesa Social
fundamentada no Processo Administrativo Disciplinar Especial nº
10.107.1020.00064/2013.1.1, aberto em janeiro de 2013, após a condenação de
Pedro Corrêa no mensalão. No ano de 2006, outro processo já havia sido aberto
contra o ex-deputado por abandono de trabalho, já que ele não teria justificado
a ausência por vários meses. No entanto, o processo acabou sendo arquivado por
prescrição. Nos dois volumes do processo, que se encontram no setor de arquivos
da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, estão todos os documentos
relativos ao caso. Já o processo que gerou a demissão encontra-se na SDS.
Pedro Corrêa foi condenado no mensalão,
em setembro de 2012, a sete anos e dois meses por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro. Preso em 5 de dezembro de 2013, foi levado para o Centro de Observação
Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.
Depois foi transferido para o Penitenciária de Canhotinho, no Agreste do
estado, onde cumpria pena no regime semiaberto. No entanto, como foi condenado
novamente, desta vez na Operação Lava-Jato, por lavagem de dinheiro e corrupção
passiva, a 20 anos de prisão, acabou sendo transferido para a carceragem da
Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, no dia 10 de abril de 2015, quando foi
capturado na 11ª etapa da Lava-Jato denominada A Origem.
A sentença do juiz federal Sérgio Moro
atribui a Pedro Corrêa o recebimento de propina de R$ 11,7 milhões, 72 crimes
de corrupção passiva e 328 operações de lavagem de dinheiro. Formado em
medicina pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especializado em
radiologia, o ex-deputado teria recebido uma proposta para trabalhar em uma
clínica de radiologia no Recife, quando ainda estava no regime semiaberto.
No mês passado, o ex-deputado acertou
delação premiada na Lava-Jato. A expectativa é de que ele indique novos nomes
de supostos beneficiários de pagamentos ilícitos, inclusive políticos. O Diario
tentou contato várias vezes com o filho de Pedro Corrêa e advogado, Fábio
Corrêa Neto, mas ele não atendeu às ligações do telefone celular e também não
foi localizado em sua residência. A reportagem deixou recado na caixa postal do
telefone celular, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.