Considerado
"Patrimônio Vivo" desde 2002
Morreu nesta terça-feira (21), aos 74 anos, o cantor e sanfoneiro pernambucano Reginaldo
Alves Ferreira, conhecido como Camarão. Ele estava internado no
Hospital Santa Joana, área central do Recife, e teve complicações por conta de
uma infecção no intestino. Camarão era considerado "Patrimônio Vivo
de Pernambuco" desde 2002.
No início da semana passada, o paciente começou a reclamar de
um mal estar gerado por uma infecção intestinal e, só na quinta-feira (16), os
médicos decidiram mantê-lo em tratamento intensivo. Às 8h30, a sanfona do
artista se calou.
Os familiares atenderam o desejo do músico, e estão ajustando
os detalhes para encaminhar o corpo de Camarão para Caruaru, no Agreste,
onde deve ser enterrado ao lado dos pais, no cemitério Dom Bosco, às 14h,
desta quarta (22). O velório acontece na Câmara de Vereadores do Recife.
TRAJETÓRIA - Nascido em 23 de junho de 1940 no município de
Brejo da Madre de Deus, no Agreste de Pernambuco, o sanfoneiro ficou
conhecido como Camarão após o cantor Jacinto Silva ter feito menção às suas
bochechas avermelhadas durante um show para uma rádio da região. Mestre no
instrumento, ele contabilizou mais de 50 anos de carreira dedicados ao xote,
xaxado, forró e baião.
O ofício aprendeu com seu pai, o sanfoneiro Antônio Neto, que sempre o
levava para as festas onde tocava. Em seu trabalho na Rádio Difusora de
Caruaru, Camarão pôde ter contato com grandes nomes ilustres da música
nacional, como Sivuca e Hermeto Pascoal. Mais tarde, no entanto, aperfeiçoaria
sua técnica com um dos maiores ícones da música nordestina, Luiz Gonzaga, com
quem gravou a canção Garoto do Grotão, em 1978. O rei do baião foi ainda o
produtor dos dois primeiros álbuns da Banda do Camarão, o primeiro conjunto de
forró do Brasil.
O mestre também participou da Orquestra Sanfônica de Carurau,
introduzindo ao ritmo regional arranjos de sax, trompete e trombone. Camarão
participou de inúmeros shows do Trio Nordestino, Santanna, Marinês e
Dominguinhos. Em 2002, apresentou-se com sucesso no projeto Sanfona Brasil em
São Paulo, que reuniu especialistas no instrumento de todo o país, como Arlindo
dos Oito Baixos, Zé Calixto, entre outros.
Residindo no Recife desde a década de 80, Camarão ministrou aulas de
sanfona na Escola Acordeom de Ouro, fundada por ele mesmo no bairro de Areias,
onde morava. Sobre a experiência com ensino, Camarão revela: "Pra mim foi
uma coisa que nasceu espontaneamente. Já ensinei mais de 100 pessoas e um
bocado já virou profissional". A paixão pela música contaminou seus quatro
filhos, dos quais um deles, Sérgio, tem um apego especial pela sanfona.
Do
Estação Notícias Fonte: NE10