Amigos vieram em caravana de João Pessoa, na Paraíba (Foto: Luka Santos/G1)
O
primeiro espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém foi apresentado na
cidade teatro construída no distrito de Fazenda Nova, no Brejo da Madre de Deus,
Agreste de Pernambuco, no ano de 1968. Os cenários ainda não estavam todos
prontos, mas a peça já encantava o público. Alguns dos espectadores dos
primeiros anos do espetáculo não deixam de vir, sempre que podem, conferir a
apresentação. Neste ano, o 'Jesus pernambucano', interpretado por José Barbosa,
foi elogiado pelo público.
A
cada dia, quase dez mil pessoas percorrem os cem mil metros quadrados do
teatro, circulando pelos nove palcos, acompanhando a encenação dos últimos dias
de Jesus Cristo. Os portões abrem às 16h e o espetáculo começa apenas às 18h,
quando já está escuro.
Irmã Maria Adir morou boa parte da vida em Roma, na Itália, mas atualmente está em São Paulo (Foto: Luka Santos/G1)
A
irmã Maria Adir morou boa parte da vida em Roma, na Itália, mas atualmente está
em São Paulo. Após ouvir falar do espetáculo, aproveitou que uma amiga mora em
João Pessoa, na Paraíba, para enfrentar a estrada e assistir. “Já tinha ouvido
falar, amigos me contaram e eu tenho curiosidade. Até por ter morado muito
tempo em Roma, quero ver de perto”, conta a religiosa, que chegou cedo, com
máquina fotográfica em punho, registrando todos os detalhes.
O
pastor evangélico Ygor Porfírio organizou um grupo com quase 20 pessoas para
viajar pouco mais de três horas de viagem de João Pessoa até Fazenda Nova.
“Metade do grupo já assistiu, mas há mais de 15 anos. Eu mesmo nunca vi, só
tinha ouvido falar. Um conhecido meu trabalha com turismo e sugeriu a viagem,
nos organizamos e viemos”, conta Porfírio.
O
comerciante Luciano Araújo vem do Recife há 12 anos para vender lembrancinhas
na entrada da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. “Eu alugo uma casa aqui
perto. Vale a pena, vendo quase tudo sempre, basta conseguir uma boa
localização. Além disso, já é costume vir, assisto todo ano à Paixão, é muito
bonita”, acredita Araújo, que aproveita que quase ninguém fica do lado de fora
durante a apresentação para poder ir assistir.
Quem
também aproveita a brecha de movimentação é a comerciante Geisiane da Silva
Santos. Há quatro anos, ela investe aproximadamente R$ 2.500 para vir de
Caruaru para Fazenda Nova vender roupas de algodão natural, sempre obtendo
lucro. “E ainda aproveito para assistir [à peça], já vi duas vezes. Você entra
logo no comecinho, depois que todo mundo entrou, mas no fim, tem que ficar
próximo a saída, para vir correndo para cá e voltar a trabalhar”, explica
Geisiane.
Atores agradecem ao público no final do espetáculo (Foto: Luka Santos/G1)
Espetáculo
Quando as luzes diminuem para os profetas da primeira cena iniciarem a apresentação, inúmeras câmeras e celulares são apontados para o palco. Apesar dos avisos para não utilizar flash, a sensação é de que raios estão caindo. “Eu não entendo, a pessoa vir assistir uma coisa tão bonita e ficar vendo por uma telinha. Incomoda um pouco, mas é a gente tentar não prestar atenção e olhar mais pro palco”, reclama a aposentada Juracir Cunha, que veio de Caruaru.
Quando as luzes diminuem para os profetas da primeira cena iniciarem a apresentação, inúmeras câmeras e celulares são apontados para o palco. Apesar dos avisos para não utilizar flash, a sensação é de que raios estão caindo. “Eu não entendo, a pessoa vir assistir uma coisa tão bonita e ficar vendo por uma telinha. Incomoda um pouco, mas é a gente tentar não prestar atenção e olhar mais pro palco”, reclama a aposentada Juracir Cunha, que veio de Caruaru.
Ao
longo das três horas de apresentação, o público, ansioso, repete o procedimento
de correr para o próximo cenário em busca do melhor lugar - são nove palcos em
uma área de cem mil metros quadrados. O coordenador técnico Reginaldo Zagnolo
veio com a família de Osasco, na Grande São Paulo, passar férias em Pernambuco
e aproveitou para conhecer o espetáculo de Nova Jerusalém. “É muito divulgado,
a gente tinha curiosidade. Eu já vi uma no interior de São Paulo que é em uma
pedreira e o público fica sentado na arquibancada. Aqui é diferente. Além
disso, a gente sabe que muitas outras peças levaram conhecimentos daqui para
fazer as suas Paixões”, afirma Zagnolo, com a filha Rebecca, de quatro anos, no
colo.
A cena em que Jesus é açoitado e depois carrega a cruz até o calvário é
acompanhada de perto pelo público, mas é o momento da morte e da ressurreição,
com a aparição final, que mais emociona. Vindo de Forteleza, no Ceará, o
engenheiro José Maria Arruda tinha os olhos cheios de lágrimas ao fim do
espetáculo. “É muito bom mesmo, me emocionou”, admite o engenheiro.
Saida de Jesus do tumulo arrepia dizem espectadores (Foto: Luka Santos/G1)
A
médica Laura Correia já havia assistido três vezes a Paixão em Fazenda Nova.
Dessa vez, veio acompanhada do namorado, o também médico André Lafayette, que
nunca tinha visto. Embora goste da peça inteira, a parte favorita é a de Judas,
do dilema dele antes de se enforcar. “Gosto muito mesmo. A peça nunca é
totalmente igual de um ano para o outro, eles sempre mudam alguma coisa”,
explica Laura.
O representante comercial Alysson Alves veio de João Pessoa com a caravana
organizada pelo pastor Porfírio. Ao fim, estava completamente encantado. “Tem
como não gostar? É uma história linda, a ressurreição é o ápice do espetáculo”,
afirma o representante comercial, que pretende repetir outras vezes a viagem
para assistir à peça em outros anos.
Vindo
desde 2011, a funcionária pública Luciane Paiva está tentando voltar todos os
anos. “A grandiosidade, o encanto, é maravilhoso. A gente precisava era de um
Jesus pernambucano, ele estava perfeito. Acho que o que precisamos é de mais
atores aqui de Pernambuco mesmo”, opina a funcionária pública, que veio com a
família do Recife para assistir à Paixão.
Aos 48 anos, o autônomo Alexandre Barros perdeu as contas de quantas vezes já assistiu ao espetáculo de Nova Jerusalém. “A primeira vez que vim, tinha 12 anos. A estrada era horrível, mas valia a pena. Tinha vindo com meus pais. Não venho todo ano, venho um ano sim, dois não”, conta Barros, que elogiou os atores locais também. “Não é que os de fora sejam ruins, mas os daqui passam mais sentimento”, opina.
Aos 48 anos, o autônomo Alexandre Barros perdeu as contas de quantas vezes já assistiu ao espetáculo de Nova Jerusalém. “A primeira vez que vim, tinha 12 anos. A estrada era horrível, mas valia a pena. Tinha vindo com meus pais. Não venho todo ano, venho um ano sim, dois não”, conta Barros, que elogiou os atores locais também. “Não é que os de fora sejam ruins, mas os daqui passam mais sentimento”, opina.
Depois
de 30 anos sem vir a Fazenda Nova para a Paixão de Cristo, a professora
aposentada Gracita Rodrigues veio do Recife com o filho, Rogério Coutinho,
assistir ao espetáculo. “Ele era um bebê quando estive aqui da outra vez. Acho
que o cenário do bacanal foi o que mais mudou, mas muita coisa é como eu me
lembrava”, conta Gracita, que sentiu falta apenas de uma cena. “Tinha uma
caminhada de Jesus pelo meio do público, com uma música de Roberto Carlos, que
era linda. É uma pena que tiraram”, acredita a professora aposentada.
Paixão
de Cristo
O espetáculo deste ano fica em cartaz até o sábado (30). Com direção de Carlos Reis e Lúcio Lombardi, o espetáculo que conta os últimos dias de Jesus tem mais de 500 atores e figurantes. No elenco, estão os atores globais Marcos Pasquim, interpretando o rei Herodes; Carol Castro dando vida a Maria Madalena, e Carlos Casagrande fazendo o papel de Pilatos. Entre os pernambucanos, José Barbosa faz Jesus pela segunda vez e Luciana Lyra interpreta Maria.
O espetáculo deste ano fica em cartaz até o sábado (30). Com direção de Carlos Reis e Lúcio Lombardi, o espetáculo que conta os últimos dias de Jesus tem mais de 500 atores e figurantes. No elenco, estão os atores globais Marcos Pasquim, interpretando o rei Herodes; Carol Castro dando vida a Maria Madalena, e Carlos Casagrande fazendo o papel de Pilatos. Entre os pernambucanos, José Barbosa faz Jesus pela segunda vez e Luciana Lyra interpreta Maria.
Quem
sai do Recife de carro ou de ônibus tem duas opções: a BR-232 e a PE-90. Para
quem vem de outros estados, há as BRs 316, 116, 304, 101, 235, 110 e 104. Os
ingressos estão à venda no estande da Paixão de Cristo, localizado no 1° andar
do Shopping Center Recife, próximo aos cinemas. Também é possível comprar nas
bilheterias da cidade-teatro e no escritório de Nova Jerusalém, pelo telefone
(81) 3732.1129. Os ingressos variam de R$ 60 a R$ 90 e podendo ser pagos
em até 12 vezes no cartão de crédito, se comprados no site oficial.
Serviço:
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
De 22 a 30 de março
Ingressos: R$ 60 a R$ 90
Site oficial: www.novajerusalem.com.br
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
De 22 a 30 de março
Ingressos: R$ 60 a R$ 90
Site oficial: www.novajerusalem.com.br
Do:
G1 PE