segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Feira da Sulanca não foi abalada pelo escândalo das importações ilegais

A tradicional feira da sulanca de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, foi aberta, na manhã de ontem, com um clima de expectativa e seguiu, à noite, com um certo ar de alívio entre comerciantes e frequentadores. 

Depois do escândalo envolvendo lençóis manchados de sangue misturados a lixo hospitalar importados dos Estados Unidos pela empresa Império do Forro de Bolso (nome fantasia da Na Intimidade), esperava-se que o recomeço seria mais difícil. Não foi isso o que se viu. O espaço foi tomado por comerciantes de todo o Nordeste e por famílias pouco preocupadas com as denúncias.

A pergunta “é dos Estados Unidos?” repetiu-se ao longo dos imensos corredores do Moda Center Santa Cruz. Na maioria das vezes em tom de brincadeira por parte dos clientes. A feira acontece todas as semanas, de domingo a terça-feira. A expectativa é de que o comércio no espaço aqueça ainda mais hoje.

 O domingo na Capital da Sulanca, como é conhecida Santa Cruz, é dia de passear na feira e fazer compras a varejo, assim como em um shopping de cidade grande. A dona de casa Maria do Carmo da Conceição e as três filhas separaram R$ 300 para gastar com roupas. “Sempre comprei bermuda para meus filhos aqui e nunca vi nada de nome de hospital nos forros”, afirmou a mulher, que veio de Brejo da Madre de Deus.

 A partir de hoje é que os negócios na feira devem ser aquecidos pelos compradores de fora do estado, que reservam a segunda-feira para as compras no atacado. Mesmo assim, muitos deles já podiam ser vistos ontem ao longo dos imensos corredores do Moda Center Santa Cruz, espaço que abriga a feira da sulanca. “Venho aqui pelo menos uma vez por mês para comprar mercadoria e abastecer minha loja, no Espírito Santo. Nunca tive problemas”, disse Celimar Pereira. Junto com a irmã, ela enfrenta 30 horas dentro de um ônibus para chegar a Pernambuco.

As irmãs baianas Rosimeire Souza, 43, e Rosemary Souza, 39, vão a Santa Cruz duas vezes por mês. “Em Salvador, o comentário é esse escândalo. Até no hotel onde vou dormir já perguntei se o lençol era dos Estados Unidos”, brincou. O polo do município recebe clientes também de Fortaleza e Maranhão. Os comerciantes de jeans eram os mais apreensivos por conta dos forros de bolso que eram vendidos pela Império do Forro de Bolso. Mas ontem, muitos tratavam de explicar. “O forro do bolso da minha mercadoria é de jeans, não é dos Estados Unidos não”, disse José Pereira.

 Na opinião dos comerciantes, o que atrapalhou mesmo a feira nas últimas semanas não foi o escândalo e sim a greve dos bancos. Isso porque muitos deles apenas aceitam dinheiro ou cheque. Nesse último caso, só quando o comprador é velho conhecido. Com o movimento de ontem, muitos já comemoravam o fato de ter vendido em um só domingo o que deixaram de comercializar durante a greve bancária.

Saiba mais: 

Santa Cruz do Capibaribe 

  • A feira no munícipio, que junto com Toritama e Caruaru forma o Polo de Confecções do Agreste, começa por volta das 9h do domingo e segue até a terça, às 10h; 
  • 90 mil é a população do município;
  • 60 mil pessoas trabalham nas fábricas de confecções;
  • 250 ônibus, além de vans e outros veículos chegam ao município nesses dois dias;
  • 30 mil é a estimativa de consumidores a cada semana (nos dois dias de feira), totalizando 120 mil consumidores por mês.

Do DIARIO DE PERNAMBUCO