terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Bolsonaro assina decreto que flexibiliza posse de armas


Entre as mudanças, não será mais preciso mostrar comprovação efetiva da necessidade para obter a posse

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou, nesta terça-feira (15), o decreto que flexibiliza as regras para o acesso à posse de armas no Brasil. A mudança nas regras do Estatuto do Desarmamento foi uma das principais promessas de campanha do presidente da República. A cerimônia foi realizada no Palácio do Planalto e mudanças serão publicadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

“Como o povo soberanamente decidiu, para lhes resguardar o direito à legítima defesa, vou agora, como presidente, usar esta arma”, afirmou Bolsonaro. “Estou restaurando o que o povo quis em 2005”, acrescentou, mencionando o referendo realizado há 14 anos.
Entre as mudanças, agora não será mais necessária comprovação efetiva da necessidade para obter a posse, critério que, segundo Bolsonaro, antes "beirava a subjetividade". 
Recentemente, o Ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro já havia defendido que as regras deveriam ser mais claras e objetivas.

Proprietários ou responsáveis legais por estabelecimentos comerciais, residentes em áreas rurais, além de servidores públicos que exercem funções com poder de polícia serão contemplados com permissão para a posse.

Já a possibilidade de recadastramento para registros vencidos ainda será tratada futuramente, provavelmente por medida provisória, anunciou o presidente. Já uma eventual transferência do poder de decisão da Polícia Federal sobre a obtenção da posse para outro órgão ainda está sendo discutida. 

O texto engloba exclusivamente a posse de armas de fogo, que é a autorização para manter uma arma em casa ou no trabalho, contanto que o proprietário da arma seja responsável legal pelo local. As regras para o porte, ou seja, o direito de andar com a arma pelas ruas ou no carro, não foram modificadas.

Critérios

A efetiva necessidade de possuir uma arma passa a incluir brasileiros que moram em cidades ou unidades da federação com taxa de homicídios superior a dez mortos a cada 100 mil habitantes.

Nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, grande parte das cidades serão contempladas pelo critério. Em Pernambuco, 95,7% dos 185 municípios deverão ter acesso facilitado a armas. No Acre (95,4%), Alagoas (92%), Pará (90%), Sergipe (89%), Ceará (88,5%) e Amapá (87,5%), o porcentual também é elevado.

Entre as capitais, a cidade de São Paulo seria a única a não ser englobada. No Estado de São Paulo, 36,1% se encaixam no critério, sendo o menor índice no país. Piauí (39,2%) e Santa Catarina (40%) vem em seguida com a menor proporção de cidades violentas.

Do Estação Notícias / Jornal do Comércio