Em entrevista à Rádio Jornal, o prefeito de Garanhuns,
Izaías Régis, informou que, no dia 26 de julho, não vai abrir as portas do
Centro Cultural da cidade para a apresentação da peça teatral O Evangelho
Segundo Jesus, Rainha do Céu, que integra a Terceira Mostra de Teatro
Alternativo do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG). Segundo o prefeito, o
espetáculo, que faz uma releitura de Jesus vivendo nos dias atuais como uma
trevesti, é uma ofensa a grupos religiosos.
“Não temos nada contra os transexuais, mas isso é uma coisa
que atinge o cristianismo, as pessoas, as religiões. Eu falei por telefone com
Marcelino Granja [secretário de cultura do Governo do Estado] e disse que não
permitiria que apresentassem a peça no Centro Cultural”, afirmou o prefeito, enfatizando
que sua colocação “é a mesma que nós estamos vendo nas redes sociais de
Garanhuns e do Brasil todo” e que vai oficializar pedido à Fundarpe.
Ainda conforme Izaías, a prefeitura não participou de
nenhuma discussão sobre a programação do FIG. “Quero ouvir a sociedade, ter o
apoio da Igreja Católica e das igrejas evangélicas, porque o prefeito sozinho
não pode ter autoridade para fazer isso. A única coisa que quero dizer é que
não podemos ir de contra a maioria. Acho que merecemos respeito e vamos trabalhar
para que a peça não aconteça no nosso Centro Cultural.”
Em contrapartida, Marcelino Granja, também em entrevista à
Rádio Jornal, afirmou que a ação do prefeito vai contra a Constituição
brasileira, que preza pela liberdade de expressão artística e de pensamento.
“Não é nosso papel vetar a peça. Ela fala para o público adulto e será
apresentada. Não vejo razão para essa polêmica. Se a prefeitura não permitir
que ela seja apresentada nesse espaço, será realizada em outro lugar,
provavelmente”, afirmou o secretário.
Marcelino acrescentou que O Evangelho Segundo Jesus, Rainha
do Céu é uma obra como outra qualquer e que não vai contra o cristianismo.
“Pelo que li sobre, a peça fala sobre tolerância, amor ao próximo e compaixão,
mas pelo fato de ela ser representada por uma pessoa transexual, gera incômodo.
O cidadão que não gosta de determinada obra, não assista.”
Do
Estação Notícias / Jornal do Comércio