sábado, 30 de junho de 2018

Festival de Inverno: Prefeito de Garanhuns quer vetar peça que traz Jesus como transsexual

Em entrevista à Rádio Jornal, o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, informou que, no dia 26 de julho, não vai abrir as portas do Centro Cultural da cidade para a apresentação da peça teatral O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, que integra a Terceira Mostra de Teatro Alternativo do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG). Segundo o prefeito, o espetáculo, que faz uma releitura de Jesus vivendo nos dias atuais como uma trevesti, é uma ofensa a grupos religiosos.

“Não temos nada contra os transexuais, mas isso é uma coisa que atinge o cristianismo, as pessoas, as religiões. Eu falei por telefone com Marcelino Granja [secretário de cultura do Governo do Estado] e disse que não permitiria que apresentassem a peça no Centro Cultural”, afirmou o prefeito, enfatizando que sua colocação “é a mesma que nós estamos vendo nas redes sociais de Garanhuns e do Brasil todo” e que vai oficializar pedido à Fundarpe.

Ainda conforme Izaías, a prefeitura não participou de nenhuma discussão sobre a programação do FIG. “Quero ouvir a sociedade, ter o apoio da Igreja Católica e das igrejas evangélicas, porque o prefeito sozinho não pode ter autoridade para fazer isso. A única coisa que quero dizer é que não podemos ir de contra a maioria. Acho que merecemos respeito e vamos trabalhar para que a peça não aconteça no nosso Centro Cultural.”
Em contrapartida, Marcelino Granja, também em entrevista à Rádio Jornal, afirmou que a ação do prefeito vai contra a Constituição brasileira, que preza pela liberdade de expressão artística e de pensamento. “Não é nosso papel vetar a peça. Ela fala para o público adulto e será apresentada. Não vejo razão para essa polêmica. Se a prefeitura não permitir que ela seja apresentada nesse espaço, será realizada em outro lugar, provavelmente”, afirmou o secretário.

Marcelino acrescentou que O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu é uma obra como outra qualquer e que não vai contra o cristianismo. “Pelo que li sobre, a peça fala sobre tolerância, amor ao próximo e compaixão, mas pelo fato de ela ser representada por uma pessoa transexual, gera incômodo. O cidadão que não gosta de determinada obra, não assista.”

Do Estação Notícias / Jornal do Comércio