O Fantástico alerta: golpistas podem estar usando o seu nome e o seu CPF
para fazer compras, abrir empresas, como se fosse você. E aí é uma dor de
cabeça danada para provar que você não tem nada a ver com a história. Até gente
famosa - que morreu recentemente - virou vítima dos fraudadores.
Golpistas estão se passando por Sérgio de Almeida Campos: “Tomei um
susto, óbvio. Você tem o seu nome atrelado a um crime”, diz o empresário.
Há três anos, Sérgio perdeu os documentos, inclusive o CPF. Logo, a dor
de cabeça começou. Criminosos começaram a fazer compras usando os dados
pessoais dele. Hoje, as dívidas somam mais de R$ 30 mil. Só com advogado, ele
já gastou mais R$ 18 mil.
“As intimações que eu recebo, elas vêm com o meu CPF e o meu nome. Mas o
RG, a minha profissão, as informações são todas diferentes”, conta.
A audácia dos bandidos é tanta que eles chegaram a alugar uma casa e
colocar o empresário como fiador. Claro que foram embora da casa e não pagaram
aluguel nenhum. “Você fica bravo. Fica inconformado com esse tipo de coisa. E
aí tem que correr atrás toda vez para resolver”, ressalta.
Este ano, na hora de declarar o Imposto de Renda, a maior surpresa de
todas. “Vi que a pessoa fez a declaração usando meu CPF, usando meu nome”,
revela Sergio de Almeida Campos.
Os golpistas já tinham feito o Imposto de Renda para ele.
E olha a ousadia dos bandidos: eles acompanham o noticiário e quando
acontece algum acidente ou crime de repercussão, eles agem.
A Policial Federal Joana Batalha foi uma das vítimas da queda do avião
da GOL, em 2006, no norte de Mato Grosso. A morte dela tinha completado quase
um ano quando a mãe recebeu uma cobrança: Joana teria feito um crediário em uma
loja de roupas e ninguém pagou a conta.
“Para nós, para a família, fica esse sentimento de absoluta impotência e
incredibilidade mesmo”, conta Maria de Fátima Batalha, mãe de Joana.
Os golpistas ainda tentaram usar o nome e o CPF de Joana pelo menos
outras 15 vezes. “Muito difícil de acreditar”, diz Maria de Fátima.
O empresário Marcos Matsunaga, esquartejado pela mulher em 2012, é o
morto mais visado pelos criminosos. Foram 73 tentativas de fraude usando o nome
dele, em 10 estados e no Distrito Federal, e que aconteceram em menos de dois
anos e meio depois do crime.
A informação faz parte de uma pesquisa inédita feita nos seis primeiros
meses do ano pela Serasa Experian. Antes de realizar uma venda, comerciantes
consultam a Serasa para saber se a pessoa está com o nome sujo na praça.
Geralmente gente rica, famosa, costuma pagar as contas em dia e
conseguir crédito mais fácil. É o que atrai os golpistas, que falsificam os
documentos para se passar por outra pessoa.
Eduardo Campos, o candidato a presidente da República, que morreu há
apenas dois meses na queda do jatinho em que viajava, também virou alvo. Usando
o CPF e o nome dele, criminosos tentaram fazer pelo menos 20 compras em seis
estados e no Distrito Federal.
Uma dica simples poderia reduzir as fraudes contra os mortos. “Mesmo em
um processo dolorido, assim que possível ir na Receita Federal e fazer o
cancelamento daquele CPF”, explica Marcelo Keligiae, presidente da Unidade de
Combate a Frauda da Serasa.
Mas como os golpistas conseguem informações que deveriam ser sigilosas?
Segundo a Serasa, é preciso ficar atento principalmente a telefonemas e e-mails
que dizem ser de bancos, operadoras de celulares e lojas e pedem para você
confirmar nome e CPF.
“Muitas vezes esses e-mails são para promoções, concursos, e não são
idôneos. Ele pode até abrir uma empresa em seu nome. E você às vezes vai
descobrir isso muitos anos depois”, destaca Marcelo Keligiae.
A pesquisa da Serasa tem uma informação importante sobre o perfil mais
comum das vítimas do golpe do CPF. A maioria não é super-rica e não morreu. O
principal alvo dos fraudadores são homens entre 25 e 59 anos, que ganham entre
um e cinco salários mínimos.
“A gente não pode deixar de falar que, muito provavelmente, eles tomam
pouco cuidado com os seus documentos. Deve proteger seu CPF da mesma forma como
protege um cartão de crédito ou uma conta corrente”, afirma Keligiae.
Do
Estação Notícias Fonte: G1