A morte precoce – 66 anos –
do deputado Sérgio Guerra deixa um vazio significativo no PSDB e na política
brasileira: o do oposicionista racional, que jamais se utilizou de armas pouco
dignas, como a oratória oca e agressiva, hoje tão em voga, principalmente na
tribuna do Senado. Jamais uma voz alterada, nunca uma palavra ríspida – Sérgio
Guerra firmou um estilo em tudo coerente, do caminhar tranqüilo à verve
pernambucana, afiada e inteligente.
Os pontos altos da carreira política de mais de trinta anos foram a passagem pelo senado - com participação importante em Comissões de Inquérito e no processo de votação - e a atuação na articulação partidária durante campanhas presidenciais. Acessível e cortês, nas entrevistas, mesmo nos momentos de crise, nunca se esquivou de assumir posição política, num destemor parecido com o de outro tucano, Mário Covas.
Ao final de cada resposta, a interjeição “hein?” – era o recurso que utilizava para a um só tempo conquistar a compreensão e concordância do entrevistador e ganhar tempo para encadear o raciocínio.
Oposicionista
duro, mas nunca deselegante, Guerra pertence a uma geração de políticos que não
encontram substitutos. Era mestre na arte da conciliação, sem contar com
artifícios outros que não a própria habilidade, o argumento e o respeito no
trato.Os pontos altos da carreira política de mais de trinta anos foram a passagem pelo senado - com participação importante em Comissões de Inquérito e no processo de votação - e a atuação na articulação partidária durante campanhas presidenciais. Acessível e cortês, nas entrevistas, mesmo nos momentos de crise, nunca se esquivou de assumir posição política, num destemor parecido com o de outro tucano, Mário Covas.
Ao final de cada resposta, a interjeição “hein?” – era o recurso que utilizava para a um só tempo conquistar a compreensão e concordância do entrevistador e ganhar tempo para encadear o raciocínio.
O perfil era perfeito para substituir Tasso Jereissati na presidência do partido, quando o cearense foi massacrado pela política regional e pela avassaladora força de Lula no Nordeste. Presidiu um partido complexo, sempre no limite do racha irreversível, sem jamais permitir que isso ocorresse.
Por isso mesmo sobreviveu a duas derrotas eleitorais de grande magnitude, a de Alckmin, em 2006, e a de Serra, em 2010, sem qualquer arranhão ético – numa época em que campanhas e governos resvalam para o caso de polícia e mandam seus líderes para presídios.
O PSDB e a política
brasileira devem a Sérgio Guerra uma eleição limpa e justa, com debates sóbrios
e que privilegiem o argumento construtivo. E um resultado que ele não
testemunhará, mas terá ajudado a construir.
Do Estação Notícias Por Christina Lemos / Jornalista
Do Estação Notícias Por Christina Lemos / Jornalista